sexta-feira, julho 29, 2005

...Ignition... And we have lift off!

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Até já!

Para que conste

And counting: one..

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George Benson no Freeport

Ontem tive a felicidade e o privilégio de ouvir este senhor e a sua banda (dois teclistas, baixo, guitarra, bateria e percussão - esta última batida por uma senhora que assegurou, e bem, os coros).
Desde a primeira à última música, a mestria de tantos anos a compor, tocar e cantar algumas das baladas mais melosas de sempre (como o amor deve ser), ficou demonstrada e desde o ínicio pôs-me a dançar. Para meu contentamento, passou em revista todos os clássicos, o que assegurou que eu "karaokasse" o concerto todo. Mas não só eu: ao pé de mim muita gente dançava e tentava acompanhar cantando e batendo palmas (normalmente não aprecio as palminhas, mas desta vez fomos puxados pelos músicos!).
Músicos competentes (comprovado pelo mini-C.V. que acompanhou a apresentação de cada um) e um som limpo, garantiram um concerto sempre em alta.

Que não haja enganos: ali não se procuram novos caminhos para a música, muito menos para o Jazz. Mas o corpo e alma merecem ser massajados pela vontade de dançar ao som de Benson.
Para recordar.

quinta-feira, julho 28, 2005

And counting: two...

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A chuva

A chuva intermitente dos últimos dias assemelha-se àqueles seres tímidos no meio de uma festa cheia de pessoas incandescentes.
Gosto do cheiro desta chuva de Verão.

Portugueses em todo o lado

A polícia inglesa efectuou buscas num apartamento de onde terão saído três dos bombistas da passada quinta-feira. Os vizinhos confirmam as suspeitas das autoridades. No Telegraph:
Three separate neighbours of the couple whose flat was raided said their neighbour was the man pictured on the latest CCTV picture.
Jose Monteiro, 32, from Portugal, who lives opposite the raided flat said that he recognised the man.
Mr Monteiro said: "I am 100 per cent, no 110 per cent sure that he is my neighbour."
Ana Christina Fernandes, 29, another neighbour, said: "That's definitely him. I'm really scared now."

quarta-feira, julho 27, 2005

Initiate countdown: three...

O pôr do sol mais bonito do mundo

De regresso

terça-feira, julho 26, 2005

Visto

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O filme é um bom filme sem deslumbrar, com algumas sequências interessantes (como aquando do 1º encontro entre Jack e a Jackie já adulta, na casa desta).
Adrien Brody é um excelente actor.
Keira Knightley é uma bela actriz.

"We have all the time in the world
Just for love
Nothing more
Nothing less
Only love"
De Louis Armstrong, cantada por Iggy Pop. Vale a pena ficar até ao fim dos créditos.

WYSIWYG

Ao contrário do que possa parecer, por aqui não damos música a ninguém, não fazemos filmes nem contamos histórias.
O que vêem é o que recebem.

segunda-feira, julho 25, 2005

Rebecca

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Hoje, lembrei-me deste disco estranho e belo de Rebecca Moore, singer/songwriter novaiorquina.

Banda sonora para um pôr de sol zambujeirense

Let it die - FeistaaaVerve Jazz Masters 9 - Astrud Gilberto

Chaise long (uma cadeira grande de praia) na varanda e um livro antes do jantar e das caipirinhas do Oceano.
Pois é.
O Oceano tem caipirinhas e morangoskas.

Lido

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Primeiro estranha-se, depois entranha-se, depois estranha-se, depois entranha-se...
Muito bom. Excelente.
A ler no The Guest of Time, um post sobre o restauro da casa onde Faulkner viveu e escreveu.

sexta-feira, julho 22, 2005

A Religião

Este artigo do Guardian propõe uma outra abordagem do terrorismo que assola as sociedades ocidentais. Assente na religião, na cultura de intolerância e morte que germina à sua sombra; o factor Deus de que falava Saramago.

All religions are prone to it, given the right circumstances. How could those who preach the absolute revealed truth of every word of a primitive book not be prone to insanity? There have been sects of killer Christians and indeed the whole of Christendom has been at times bent on wiping out heathens. Jewish zealots in their settlements crazily claim legal rights to land from the Old Testament. Some African Pentecostal churches harbour sects of torturing exorcism and child abuse. Muslims have a very long tradition of jihadist slaughter. Sikhs rose up to stop a play that exposed deformities of abuse within their temples. Buddhism too has its sinister wing. See how far-right evangelicals have kidnapped US politics and warped its secular, liberal founding traditions. Intense belief, incantations, secrecy and all-male rituals breed perversions and danger, abusing women and children and infecting young men with frenzy, no matter what the name of the faith.
Enlightenment values are in peril not because these mad beliefs are really growing but because too many rational people seek to appease and understand unreason. Extreme superstition breeds extreme action. Those who believe they alone know the only way, truth and life will always feel justified in doing anything in its name. You would, wouldn't you, if you alone had the magic answer to everything? If religions teach that life after death is better then it is hardly surprising that some crazed followers will actually believe it.

E critica a política de educação do labour , que tem vindo a permitir que escolas secundárias do Estado passem para o domínio do religioso.
O processo de criação de escolas confessionais a partir de instituições do Estado consagrada a segregação, o desenvolvimento separado das comunidades. Ao contrário da escola pública, pluralista e integradora.

But this is not choice. Only yesterday an angry email arrived from a parent on the south coast protesting that the only choice of primary school was a C of E, a Catholic and an oversubscribed ordinary school. Disqualified from the first two, failing to get into the third, their child is sent miles across town; three nonreligious schools would have been genuine choice. A YouGov poll shows that more than half of voters oppose this. While Northern Ireland struggles with sectarianism festering in religious schools, this is no time to foster yet more segregation.

All the state can do is hold on to secular values.
There is still time - it may take a nonreligious leader - to stop this madness and separate the state and its schools from all religion. It won't stop the bombing now but at least it would not encourage continued school segregation for generations to come.

quinta-feira, julho 21, 2005

Comunicado, via e-mail

"Comunicado do Gabinete do Primeiro-Ministro

Faz o Governo saber que, até nova ordem, tendo em consideração a actual situação das contas públicas e como medida de contenção de despesas, a luz ao fundo do túnel será desligada."

Mais bombas em Londres

A ler no Insurgente.

A Demissão

Sobre esta demissão, uma demissão de peso, só me vem a ideia de um país manietado pelas corporações do bloco central, de cuja máxima expressão são os investimentos faraónicos, sem os quais os sucessivos governos do país parecem não saber viver.
O problema não está no investimento público em si, mas na sua sujeição aos interesses dos aparelhos partidários, empresários da construção civil e autarcas. O betão, sempre o betão.
Perdeu-se a noção do Interesse Geral, e o Estado passou a ser apenas um instrumento nas mãos de grupos particulares que à sua sombra têm vivido.
Numa conjuntura política em que nos são pedidos sacrifícios, em que assistimos à subida dos impostos, ao aumento da idade de reforma e ao recuo de determinadas regalias sociais, não é admissível que se avance já nesta legislatura com projectos da dimensão da Ota, que, além de controversos, implicarão substanciais encargos para o erário público. E é ridículo quando nos pretendem fazer crer que haverá um efeito multiplicador no emprego e no crescimento económico.
Se continuasse em funções, o ministro da finanças acabaria por ver comprometido o esforço de redução do défice público e, pior ainda, ficaria com o ónus da culpa. O seu destino próximo era ser sacrificado na primeira remodelação governamental.

Trampolinada relevante

Dias atrás, escrevi num comentário a um post do AAA:
Tenho ideia que em tempos alguém se referiu a Campos e Cunha como um "infiltrado".
Resta saber quanto tempo se manterá no governo - se se mantiver constante no seu pensamento (e aplicando-o nas suas decisões), dependerá "só" da resistência ao aparelho socialista que Sócrates lhe quiser providenciar. E da própria resistência de Sócrates aos apelos do populismo das obras públicas e das "políticas sociais".
Confirma-se que a pouca resistência de Sócrates resultou no vísivel cansaço do ex-ministro, evidente para quem o tenha visto na TV, nos últimos dias. Curioso que tenha acontecido no mesmo dia em que Jorge Coelho pela manhã, na gravação da Quadratura do Círculo, tenha eleogiado largamente Campos e Cunha por ter a coragem de implementar medidas que muitos tinham estudado mas não tinham levado à prática (ouvi na TSF, mas não encontrei link). Se entendermos que Coelho é a voz das estruturas do PS, não se poderá dizer que Sócrates e o governo é que estarão desligados do partido (e não Campos e Cunha) e que a maioria parlamentar que os suporta não garantirá apoio continuado à sua manutenção?

Texto já colocado no Insurgente.

quarta-feira, julho 20, 2005

Outra vez?!?

"Um incêndio que deflagrou cerca das 15:40 na Arrábida, entre a Aldeia da Piedade e Casais da Serra, está a ser combatido por oito corporações de bombeiros e um helicóptero, informaram os bombeiros.
O incêndio está a devastar uma zona de vegetação de difícil acesso por meios terrestres e ainda não foi considerado circunscrito." via Portugal Diário

"Nas últimas horas deflagrou um incêndio na Serra da Arrábida, entre a Aldeia da Piedade e Casais da Serra (...).
Na Arrábida estão oito corporações de bombeiros, entre elas as de Palmela, Setúbal, Sesimbra, Pinhal Novo e Moita, num total de 54 homens apoiados por um helicóptero e 15 viaturas.
O incêndio está a devastar uma zona de vegetação de difícil acesso por meios terrestres." na RR.


Obrigado à S. pelo aviso!

FIAR em Palmela

Nos dias 29, 30 e 31 de Julho decorre em Palmela o Festival Internacional de Artes de Rua - FIAR.

Estacionamento livre

"Segundo vi na reportagem da TVI, os senhores agentes agirão de acordo com a sua consciência, com sentido de responsabilidade, só passando multas quando não se verifique perigo para a vida dos cidadãos.
E a nós, quem é que nos protege das consciências desta gentinha?"

Ler o texto completo no Xanel Cinco.

O som no Office

Example

Dexter Calling... - Dexter Gordon

O meu saxofonista preferido. Bem acompanhado.

terça-feira, julho 19, 2005

Viver em ditadura

O cardeal venezuelano Rosalio Castillo Lara deu esta semana uma entrevista ao "El Universal" onde fala sobre o estado do seu país:
"En el documento los obispos denuncian una "legalidad injusta" y advierten que "si llegáramos a poner como objeto de fidelidad, no el derecho y la ley, sino un determinado proyecto político, habríamos acabado con el Estado de Derecho". ¿Cree usted que hay Estado de Derecho en Venezuela a pesar de todo o ya dejó de existir?
_Permítame que me ría porque desde hace mucho tiempo vengo diciendo que aquí ya no hay democracia ni Estado de Derecho. Lo que tenemos es un barniz de democracia. Esas leyes aprobadas por una débil mayoría, pero mayoría al fin y al cabo, contra la Constitución, según la cual las leyes orgánicas deben ser aprobadas con una mayoría cualificada, no representan ni la justicia ni el derecho, sino el modo de llegar a una finalidad opresiva. En ese sentido me viene a la memoria el salmo en el cual Jesús reprocha a quienes dictan injusticias en nombre de la ley. De manera que estamos ante unas leyes injustas.
_Usted habla de "una finalidad opresiva". ¿Entendemos ese término como "dictadura"?
_Ciertamente. Yo estoy convencido que aquí hay una dictadura. Antes de que Chávez fuera elegido yo le dije al presidente Caldera que era un hombre peligroso, un pichón de dictador. Y él, desde el principio, con su modo de expresarse y de actuar, dejó claro que en la raíz de su proyecto está la dictadura.
_Pero en la historia hay muchos tipos de dictadura.
_Hablo de dictadura como ejercicio despótico y arbitrario del poder concentrado en una sola persona. "

Hugo Chávez

Não sou um admirador de Chávez, que isso fique claro.
Mas não deixo de olhar com ironia a realidade política venezuelana e saboreio, em particular, os escritos da direita blogosférica.
Fala-se do processo revolucionário em curso naquele país, do fim anunciado das liberdades democráticas, enfim, da emergência de um novo Castro. Mas depois o que vemos é um líder bolivariano que ascendeu ao poder pelos canais da democracia representativa, e não através de uma revolução ou Prec, enquanto a muito democrática e responsável oposição venezuelana procurou na rua aquilo que não conseguiu nas urnas e, em desespero de causa, chegou mesmo a patrocinar um golpe de estado.
Definitivamente, neste jogo os papéis estão trocados.

A C.M. de Setúbal e o "Processo Revolucionário Bolivariano"

A câmara municipal de Setúbal divulga o 16º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes (evento apoiado por Hugo Chavéz), com um texto na sua página na internet:
O futuro de cada país depende da acção conjunta dos jovens, o que os torna um dos principais alvos da globalização capitalista e da ofensiva ideológica do imperialismo. A juventude desempenha um papel efectivo na luta contra estas ofensivas. Em todos e cada um dos países há movimentos de resistência contra o imperialismo, lutando por novos sistemas sociais que rejeitem a ideia de que o capitalismo é a única opção, e que apresentem o poder popular como alternativa real às políticas neo-liberais.(...)

Os jovens de todo o mundo têm sido vítimas dos efeitos das políticas imperialistas e neo-liberais de instituições internacionais como o FMI, a OMC, o G-8, a União Europeia e o Banco Mundial.(...)

O 16º FMJE afirma e reforça o seu carácter de evento internacional, anti-imperialista e político-cultural das massas juvenis e estudantis. É também uma oportunidade de expressar a solidariedade com a juventude e povo da Venezuela, a sua Revolução Bolivariana e todos os povos em luta no mundo.
Do programa de actividades, constam o "Tribunal Anti-Imperialista", os "Fóruns de Solidariedade Internacional com os povos em luta" e o "dia de Solidariedade coma Luta do Povo Venezuelano e com o Processo Revolucionário Bolivariano". A direcção deste encontro é assegurada por um português.

Como munícipe, registo a utilização dos recursos camarários para o que só pode ser considerado um serviço de propaganda ideológica e partidária, dadas as ligações entre os organizadores, do lado português, e a CDU. Infiro também que a CMS e o seu presidente apoiam as posições do presidente venezuelano e o seu PREC bolivariano.

Texto já publicado no Insurgente.

O som no Office

Example

Point of Departure - Andrew Hill

O disco que fez de Hill uma estrela.
Melhor que na apresentação do sexteto "New Point of Departure", que ouvi no Seixal Jazz de 2003.

Sommarlek

Example
Ontem, lembrei-me de Um Verão de Amor, de Ingmar Bergman, e peguei numa gravação vídeo antiga que estava quase esquecida lá por casa.
Foi como entrar num mundo de sonho, a mesma emoção da primeira vez, a nostalgia a invadir-me, mesmo que nunca tenha vivido um amor assim (talvez só em sonhos exista) e experimentado os aromas de um Verão nórdico.
Sobre Sommarlek, disse Godard que era “o mais belo dos filmes”. E talvez tenha razão.
Sentimo-nos dilacerados pela beleza trágica que imana.
Deslumbrante a actriz Maj-Britt Nilsson, de quem tudo o que sei se resume a este Sommarlek.

segunda-feira, julho 18, 2005

Contradições ou Convergências?

Villaverde Cabral ao Diário Económico :

"Os direitos e os salários que os funcionários estão a perder não beneficiarão em nada o resto dos trabalhadores. Antes pelo contrário. Quando os chamados “privilégios” dos funcionários tiverem sido reduzidos à expressão mínima, os trabalhadores da “privada” ficarão sem referências em termos de direitos laborais e verão a sua situação tornar-se ainda mais precária".

A ênfase nos interesses comuns, um alerta para o nivelamento por baixo que se avizinha.

That's what friends are for

Há poucas coisas melhores que conversar, verdadeiramente discutir, com amigos sobre banalidades excessivamente escalpelizadas. O nível de aparvalhamento que se pode atingir mostra que não há limites à imaginação humana.
E que uma boa amizade não tem limites.

sexta-feira, julho 15, 2005

Gestão de restrições orçamentais

A câmara do Barreiro, com o apoio do Observatório do Endividamento dos Consumidores, está a facultar aos seus munícipes cursos com o nome "Gerir o Orçamento Familiar Sem Derrapar", "com o objectivo de formar e informar os consumidores sobre os cuidados a ter de modo a evitar o endividamento excessivo, apresentando opções e critérios de reflexão".

Critérios de reflexão?!?!

Creio que se poderia também fazer propostas de formação do género "dê-me o seu dinheiro que eu guardo-o para si sem lhe cobrar nada e depois vou-lho dando conforme eu entender se é razoável a aplicação que lhe quer dar, porque você é naturalmente incapaz de decidir por si". Claro que quer o curso quer a gestão dos montantes confiados seria absolutamente gratuita. Bastaria fazer aplicações em depósitos a prazo, que mesmo com juros abaixo da inflação gerariam fundos suficientes para pagar os powerpoints necessários às apresentações. Talvez sobrasse o suficiente para aliviar a minha restrição orçamental.

Parabéns

O Bruno Alves escreve, no Desesperada Esperança, alguns dos melhores textos da blogos portuguesa. De vez em quando também por lá passam algumas fotografias do melhor que a raça humana concebeu - o que só diz bem do Bruno e dispõe bem os seus leitores.

O Desesperada Esperança faz hoje dois anos.
Sinceros parabéns!

Jazz em Setúbal

Ontem à noite ouviu-se jazz no Luísa Todi.
Apresentou-se ao público, com o nome conjunto de Vynil, um sexteto composto por Valter Rolo (teclas), José Canha (contrabaixo), João Maló (guitarra), João Nuno (bateria), José Martins (saxofone) e Alexandra Boga (voz). João Maló e José Martins são nomes já conhecidos (por exemplo, como acompanhantes de Maria Viana), mas confesso que dos outros não lhes não tinha notícia.

Em boa hora decidi ir a este concerto. O mesmo devem ter sentido as outras centenas de pessoas que durante uma hora e meia aplaudiram o trabalho dos músicos. Aqui, duas satisfações: poucos solos exibicionistas (como muitas vezes acontece com despropósito) e nenhumas palmas a meio das músicas, respeintando-se a audição das mesmas.
À segunda canção, já "Deus tinha abençoado a menina"-cantora para depois ficarmos "só amigos" ao longo da "caravana" do concerto. Ellington, Miles, Holliday, Gershwin... ficaram bem acompanhados por Nirvana, Bowie/Matheny, Doors e Jobim. A guitarra de João Maló foi excelente e o mesmo para o soprano e o tenor de José Martins. Do piano veio boa direcção para todos. A voz da Alexandra Boga portou-se bem nas baladas standards e muito bem nas bossas novas.
No encore ouviu-se o "Chega de Saudade", mas já tenho alguma. Espero voltar a ouvi-los.

quinta-feira, julho 14, 2005

Razões e Culpas

Na continuação do excelente texto do Marvão e da troca de argumentos na respectiva caixa de comentários, parece-me importante não entrar em relativismos (conceito que hoje em dia se usa abundantemente) e justificações baseadas na auto-punição das democracias ocidentais.

Os actos terroristas são em si próprios um crime. Um dia alguém decide iniciar uma acção de colocação de bombas e, ou executa-o ele próprio, ou colabora com outros para o fazer. Este grupo de pessoas são culpados de assassínio. Todo o conjunto de pessoas que do atentado souberam antecipadamente e nada fizeram para o impedir são culpados de assassínio. Todos os que o encorajaram ou enquadraram filosoficamente ou religiosamente a acção são culpados de assassínio. Se estão enquadrados numa organização que tem como fio condutor da sua existência a prática continuada destes atentados, pode-se dizer que declaram um estado de guerra (apelo muitas vezes feito pelos seus líderes), conduzida em território do "infiel inimigo".

O desprezo pelas vidas, que se regem pelos direitos e liberdades individuais asseguradas nos estados democráticos, resulta em vítimas. Os criminosos abobinam essas vidas, como ficou demonstrado pelas declarações do assassínio de Theo van Gogh.

Resta-nos não tomar uma atitude passiva nessa guerra que parece ter sido imposta às democracias ocidentais. Até onde estamos preparados para ir na concessão de poderes aos estados, para vigiar os seus cidadãos, ou para levar a guerra aos países que suportam esses terroristas, são questões que vale a pena debater.

O som no Office

Example
Journey in Satchidananda - Alice Coltrane

Swami Satchidananda era o "perceptor espiritual" de Alice. O conselho da harpista para quem ouve o disco é que, ao fazê-lo, se deve imaginar a flutuar no mar de amor que é Satchidananda.

Far out, man!

Uma Revolução Coperniciana

Depois do pesadelo tornado realidade, as autoridades de Sua Majestade descobriram que os perpetradores de tão hediondo acto eram cidadãos britânicos, integrados socialmente; escolarizados e com profissão.
Estamos longe da representação social do terrorismo como fenómeno que radica na pobreza e ignorância dos homens. O perfil dos terroristas de Londres não se ajusta a tal estereótipo.
As causas são outras, pertencem ao domínio das representações históricas e religiosas, o sentimento difuso de que o Ocidente é opressor, apoia e sustenta, no mundo árabe e muçulmano, regimes despóticos e corruptos, responsáveis pelo declínio de uma civilização outrora florescente e próspera. O pan-islamismo emerge assim como poderosa ideologia, depois do fracasso das tentativas de modernização inspiradas em ideias ocidentais (vide o ocaso do nacionalismo laico pan-árabe e do socialismo).
Na trajectória social do indivíduos que levaram a cabo o atentado de Londres, o elemento religioso era preponderante na estrutura da identidade, submergindo a pertença nacional. Segundo o relatório dos serviços secretos britânicos, muitos destes jovens vêem a política externa britânica em relação ao mundo muçulmano como tendo dois pesos e duas medidas : agressiva no Iraque e Afeganistão, timorata em Caxemira e na Chechénia.
Existe, pois, uma vasto campo de recrutamento para a Al-Qaeda e algozes.
Creio que só uma revolução coperniciana na política externa do Ocidente poderá travar a actual espiral de ódio e violência.

O som no Office

Example
Big Band Bossa Nova - Quincy Jones

Não é o melhor disco de sempre, mas conta no elenco com Clark Terry, Rahsaan Roland Kirk, Paul Gonsalves, Phil Woods, Lalo Schifrin e Jim Hall.

Soundbites matutinos

  1. Jorge Coelho "gritou" emocionadamente como só ele sabe, durante o seu discurso na apresentação da candidatura de Carrilho, que o PS gosta de Bárbara; que Lisboa gosta de Bárbara.
  2. Francisco Louçã indigna-se com a facilidade com que um "burocrata" decide o fim da companhia de ballet Gulbenkian, com o simples "risco de uma caneta".
  3. Rui Costa caracteriza mais uma contratação benfiquista: o também, até agora, milanês Tomasson. O craque português diz que o avançado dinamarquês tem um "grande sentido de oportunismo".

quarta-feira, julho 13, 2005

Made to Love Magic

I was made to love magic

I was born to love no one
No one to love me
Only the wind in the long green grass
The frost in a broken tree.

I was made to love magic
All its wonder to know
But you all lost that magic
Many many years ago.

I was born to use my eyes
Dream with the sun and the skies
To float away in a lifelong song
In the mist where melody flies.

I was made to love magic...

I was born to sail away
Into a land of forever
Not to be tied to an old stone grave
In your land of never.

I was made to love magic...

Nick Drake

O Ocidente e o Terrorismo

Vamos ver até onde irão as medidas de combate ao terrorismo nas sociedades ocidentais. Iremos assistir à implementação de medidas draconianas com prejuízo das liberdades e garantias ? A fronteira entre o aumento da vigilância, inevitável para a prevenção de novos ataques, e a violação da privacidade dos indivíduos é ténue; e é nessa estreita linha que se vai definir o futuro das nossas sociedades, assombradas por um terrorismo apocalíptico.
Se cairmos numa deriva securitária, então será o fim da nossa civilização tal como a conhecemos. É importante ter consciência de que o património de tolerância, de respeito pelos direitos e liberdades dos indivíduos, é uma aquisição histórica muito recente e, por isso mesmo, reversível.

Visto

Uma Canção de AmorScarlett Johansson

Recomendo.
Gostei de Travolta, de Macht e de Johansson.
E havia tanto para dizer sobre Scarlett.

terça-feira, julho 12, 2005

Elas São Mais Eficientes

No público de hoje, uma notícia dá conta de que na Finlândia (a economia mais competitiva do mundo) “as grandes empresas geridas por mulheres são mais rentáveis do que as que têm à sua frente um homem.”
O inquérito abrangeu as 500 maiores empresas do país. “O capital investido numa empresa cujo director-geral é uma mulher apresenta uma rentabilidade de 18,5%, contra 14,2% das empresas dirigidas por homens.”
Talvez por cá também devêssemos ter mais mulheres em lugares proeminentes do mundo empresarial. Quem sabe se não teríamos uma economia mais competitiva.

Guerra dos Mundos

A Guerra dos Mundos reenvia-nos para um traço recorrente na filmografia de Spielberg : a importância primordial dos laços familiares. A paternidade é o elemento central desta história, Tom Cruise o anti-herói que tudo faz para preservar a família na tormenta da invasão alienígena. É, para o protagonista, o lugar da redenção.
Mas o plano da família é aqui apenas mero reconhecimento, ao contrário do que sucedia na Inteligência Artificial, que era tocante ao ponto de nos dilacerar.
Perpassam as referências ao 11 de Setembro, a América atordoada por um ataque devastador obra de um inimigo desconhecido, o medo e a incompreensão perante a força e a irreversibilidade do acontecimento.
Há imagens que marcam : como a da terra a abrir-se, de cujas entranhas saem naves que parecem descrever um estranho bailado; ou a da criança no cimo da colina, envolta numa paisagem crepuscular.
Em suma, um bom filme, mas não o melhor de Spielberg.

O canditato anti-investidor

O candidato do BE à câmara de Setúbal, João Bárbara, diagnostica uma crise profunda em Setúbal. Desemprego, Sida, toxicodependência, marginalidade, degradação urbana, paisagística e ambiental. Pode-se dizer que encontrou o Inferno.

As explicações para tal encontra-as nas indústrias aí sediadas e no crescimento imobiliário. Acrescenta:
Não estarei muito longe da verdade se disser que a persistência deste modelo tem a ver com a ignorância e a falta de visão estratégica do poder central e a incapacidade e a subserviência das sucessivas administrações autárquicas face a certos poderes e interesses locais. Basicamente um modelo que foi desenhado muito antes do 25 de Abril e que permanece nos seus traços essenciais.
Meu caro João Bárbara, fique a saber que concordo consigo. O modelo actual, em que o estado (central ou municipal) em tudo interfere, trouxe a ineficiência do planeamento central e a possibilidade de os gestores da coisa pública serem influenciados (por meios legais ou não) para satisfazerem os interesses de alguns particulares ou de alguns grupos. No entanto desconfio que o João Bárbara não gosta é de não poder participar nesse modelo; de não poder ser o seu partido (Bloco de Esquerda) a planear como gastar o dinheiro dos contribuintes e a satisfazer os interesses dos (muitos) grupos que apoiam o BE.

Mas o candidato do BE diz mais. Diz que por isso é contra os investimentos da SONAE em Tróia (os munícipes de Grândola saberão da sua opinião?) e contra os investimentos do grupo Amorim em Setúbal. Penso que sendo consequente, também está contra o patrocínio avultado que o grupo Amorim já assinou com o Festroia, permitindo a expansão anunciada das suas actividades. Será contra a compra pelo dito grupo empresarial do antigo "Quartel do 11", para ofertar à câmara com destino a um centro cultural. Será também contra os milhares de postos de trabalho que estes investimentos criarão em Setúbal e em Grândola para não falar nos benefícios que o aumento de oferta e concorrência poderão trazer aos setubalenses.

Ou isso, ou então o candidato do BE é inconsequente.

Texto já publicado Insurgente.

Era Uma Vez Um Arrastão

Parafraseando Mark Twain, a notícia do arrastão na praia de Carcavelos foi manifestamente exagerada.
É o que nos demonstra este interessante vídeo da autoria de Diana Andringa.
À parte o exagero a respeito das conspirações (como a analogia com o primeiro arrastão do Brasil, que teria sido orquestrado para desacreditar a candidata do Partido dos Trabalhadores, que era de raça negra), o vídeo denuncia com eficácia o sensacionalismo que se apossou da agenda editorial das nossas televisões e a colagem de alguns políticos a essa mesma agenda.

segunda-feira, julho 11, 2005

Visto

Guerra dos Mundos

Não vou guardar para sempre na memória.
Depois de Mystic River, Tim Robbins voltou a impressionar-me.

Lá como cá

Quando passei a ponte 25 de Abril no sábado passado (a caminho de Lisboa), a faixa do lado esquerdo estava fechada à circulação. O aviso era feito pelos habituais semáforos colocados por cima do tabuleiro. Algo deveria estar a impedir a passagem...
Encostei para a faixa do meio mas o mesmo não fizeram dezenas de outros condutores que, propositadamente, devem ter pensado que era boa ideia aproveitar o caminho vazio para seguir adiante. À minha frente, estava um carro holandês com um casal que presumo fossem turistas. No intervalo do pára-arranca para atravessar, o condutor ía apontando os que nos ultrapassavam pela esquerda para depois gesticular de forma desaprovadora. No fim do tabuleiro, lá estava a razão do semáforo encarnado: um carro avariado. Claro que os "espertalhaços" travavam de repente, faziam pisca, alguns ajudados pelo proverbial braço de fora, e lá entravam na faixa à direita. Mais travagens de quem tinha cumprido a sinalização desde o ínicio do tabuleiro (os semáforos repetem-se ao longo deste), mais possibilidades de acidente.

Este comportamento não espanta só os estrangeiros que nos visitam. Para onde vamos, levamo-lo atrás. Veja-se esta notícia do The Independent:
I squeezed the little Suzuki 4x4 up against the cliff edge as the Portuguese army vehicle hurtled past in the opposite direction, occupying most of the road and travelling far too fast.
A couple of years ago, if you were going to be killed on the roads of East Timor it was likely to be by a United Nations vehicle.(...) But "peacekeeper" seemed particularly inappropriate shorthand for the Portuguese soldiers who had brought their reputation as, statistically, the most dangerous drivers in Western Europe with them.

sexta-feira, julho 08, 2005

Vitriolica's T-Shirts & Goodies

A Miss V. apresenta ao mundo a sua colecção de t-shirts, canecas e tapetes para rato. Em todos eles se podem colocar os desenhos da inglesa mais portuguesa da blogosfera.

Enquanto pondero qual o desenho a escolher para uma T-Shirt, vou lamentando que uns certos e determinados gorilas nunca tenham sido desenhados...

Problemas de memória

Ele não se lembra, mas foi um seu correligionário que deixou a câmara de Setúbal nas lonas, sem um tostão, nicles, niente... Jorge Coelho não se lembra do que foram os mandatos de Mata Cáceres.

Na apresentação de Catarino Costa como candidato à presidência camarária, o polícia de choque do PS (e também candidato em Sintra à A.M.), atacou a gestão que a CDU fez no último mandato. Bem secundado por Catarino Costa, que acusou a Carlos de Sousa de encher a câmara de assessores.
Sabe-se que o PCP gosta de rodear os seus edis de leais (ao partido) funcionários. Mas lembremo-nos de quem deu origem a que a expressão "job for the boys" entrasse no politiquês português.
Outra das acusações de Costa foram os "rios de dinheiro" gastos em "propaganda e promoção de imagem". Eu lembro-me que Mata Cáceres também nunca perdeu oportunidade de alardear as suas obras públicas (entre elas as fontes psicadélicas) recorrendo a boletins de informação da câmara.
Parece-me, pois, que há falta de memória entre os dirigentes do PS.

Uma nota off topic: decididamente, os cartazes de Catarino Costa são os piores de que me lembro. Mas também posso estar com problemas de memória.

quinta-feira, julho 07, 2005

Ouvisto

McCoy Tyner com Coltrane e Monk nos dedos. Ontem à noite no Muzzik.

McCoy Tyner: Live at Warsaw Jazz Festival 1991

Londres

O regresso do terror à Europa.
Depois de Madrid, a inumanidade irrompeu em Londres.
O terror ceifou dezenas de vidas na cidade mais cosmopolita da Europa.
Pretende criar fracturas étnico-religiosas, disseminar o vírus do ódio na vida social.
Urge travar a barbárie.

Atentado em Londres

Sugiro que leiam o Insurgente onde podem também ler os comentários de outros bloggers em Londres e nos EUA.

Se não têm um televisor por perto, podem seguir a emissão na internet, no site da BBB News.


Bastards!

quarta-feira, julho 06, 2005

Londres, 2012

Example

Uma primeira análise

É díficil pensar fora da "caixa". Espero que as próximas sessões
sejam mais viradas para o futuro do que preocupadas em encontrar
pontes que liguem as "Noites à Direita" com o passado político recente e menos recente.
Vicente Jorge Silva foi um bom "agente provocador".

PIIP ou um programa de subsídios

Chama-se Programa de Investimento em Infra-estruturas Prioritárias (PIIP) e foi hoje [ontem] apresentado pelo governo. Nele se prevê a criação de 120.000 novos empregos (que é feito dos 150.000?).
Na sessão de apresentação do PIIP - que prevê um investimento global de 25 mil milhões de euros -, Manuel Pinho referiu que 11,652 mil milhões de euros (correspondentes a 46,6 por cento do total) serão assegurados pelo investimento público e 13.348 milhões de euros pelo sector privado, o que contempla 5895 milhões de euros de parcerias público-privadas.
Eu ainda não percebi bem uma coisa nestas parcerias: os "privados" só investem se o estado comparticipar? Mas isso não se chamam subsídios?

Texto já colocado no Insurgente.

Mais Uma Vez o Investimento Público

O governo anunciou, com pompa e circunstância, o Programa de Investimento em Infra-estruturas Prioritárias (PIIP).
É o investimento público como panaceia para os males que afligem a nossa querida pátria. É o investimento público tão esperado pela nossa classe empresarial, que saudou o compromisso governamental no faraónico aeroporto da Ota.
Além disso, teremos, ao que parece, mais auto-estradas, melhorias em muitas vias de comunicação, em suma, o betão continua a ser central na nossa vida económica. Para que o nosso sector da construção civil volte a respirar, tendo o Estado como motor do seu desenvolvimento.
O nosso primeiro-ministro quis por certo insuflar algum optimismo no país, espera um aumento do emprego, por via desses grandiosos projectos, e uma revitalização da nossa economia. Chegou mesmo avançar com uma previsão de crescimento do PIB, impacto futuro do investimento público agora anunciado. Mas não sei se chegará para alterar o estado depressivo instalado, pois, no fundo, todos estamos cansados de previsões, do manuseamento de estatísticas e números em mediáticas entrevistas.
Enfim, mudam os governos mas a receita é sempre a mesma, a do investimento público assente no betão, para contentamento dos lóbis instalados à sombra do bloco central.

P.S. Não sou contra todo o tipo de investimento público, acho por exemplo que o TGV e a modernização das vias ferroviárias constituem projectos importantes para o país; folgo em saber que não foram adiados.

terça-feira, julho 05, 2005

Olha que não!

Costumo exercer o contraditório com o Marvão através da caixa de comentários dos seus textos, mas desta vez ele escreveu algo que merece ser contraditado com maior visibilidade. Diz o meu homónimo:
"Anunciarão nobres medidas para aliviar o sofrimento de África, numa lógica caritativa tão ao gosto dos liberais. Um simbólico perdão da dívida, mas nenhum compromisso concreto sobre o comércio justo, que este sempre foi feito de relações de poder e de dominação, e nesse quadro não contam os arruinados camponeses africanos."

Nada poderia ser mais falso que o apoio dos "liberais" a estas medidas.
Ouvirás sempre um liberal defender o fim do proteccionismo no comércio mundial como o meio de apoiar o crescimento dos países mais pobres ao mesmo tempo que se beneficiam os países mais desenvolvidos. O livre comércio é de facto uma das causas liberais. Os perdões de dívidas são mais ao gosto dos Sir's Geldofs deste mundo, indo beneficiar os ditadores e as suas clientelas. Normalmente encontramos entre os apoiantes dos perdões os mesmos que se manifestam contra a globalização e contra o livre comércio. Os mesmos que protestam contra os OGM's que os agricultores africanos precisam para rentabilizar as suas culturas e que precisam que a UE não barre a sua comercialização.
Pensa nisto.

G8

Vamos assistir a mais uma cimeira do G8 que desfilará um rosário de boas intenções, mas poucos frutos dela brotarão.
Nenhum acordo quanto ao clima, que o Presidente George Bush olha acima de tudo para o seu umbigo, como se não fosse deste planeta; é a afirmação do primado do religioso sobre a ciência.
Anunciarão nobres medidas para aliviar o sofrimento de África, numa lógica caritativa tão ao gosto dos liberais. Um simbólico perdão da dívida, mas nenhum compromisso concreto sobre o comércio justo, que este sempre foi feito de relações de poder e de dominação, e nesse quadro não contam os arruinados camponeses africanos.
São cimeiras alheadas do mundo, de um mundo cada vez mais ventoso.

segunda-feira, julho 04, 2005

O Ricos e a África

Este artigo do historiador angolano Carlos Pacheco é uma denúncia das relações de poder que moldam o comércio mundial, uma troca desigual que condena a África à pobreza.
Deixo aqui alguns excertos do artigo publicado no Público :

A questão fulcral a discutir com os ricos do Norte quando estes falam de aliviar o continente negro da suas dramáticas dificuldades parece-me só uma : a questão do modelo de ajuda, que deverá ter em conta, antes de tudo, as regras de negociação agrárias no comércio internacional. Sem uma alteração da agenda que favorece as potências do dinheiro, o futuro dos pequenos agricultores dos países pobres continuará seriamente ameaçado.

Enquanto os Estados Unidos e a Europa forçarem os Estados débeis a abrir os seus mercados à importação dos mesmos produtos que os camponeses em África, na Ásia e noutras partes cultivam, o modo de vida e a segurança alimentar desses lavradores estará comprometida.

Pois que a mão “filantrópica” dos poderosos veio oferecer não foi a anulação da incondicional da dívida, mas tão-só um alívio parcial. Perdoam-se os passivos com o Banco Mundial e com o Banco Africano de Desenvolvimento, todavia ficam a descoberto os empréstimos concedidos pela banca privada, cujas taxas de juro [as mais altas do mundo] agravam o serviço da dívida.

A diminuição da dívida comporta estipulações drásticas : os países beneficiados devem aceitar abrir progressivamente as suas economias à corporações trasnacionais; e proceder a desmontagem do estado mediante a privatização dos seus serviços…”


As consequências desta investida dos promotores da globalização são fáceis de imaginar : Além de ameaçar o património dos Estados africanos -os seus rios, as suas barragens e minas- ela acarretará a decomposição política e económica dessas “nações”

Visto

Example

Por cá, o título ficou "Querida Família".
A coabitação entre seres tão distintos é uma coisa tramada... E divertida.

Vitorino candidata-se a presidente!

António Vitorino afinal decidiu que se devia candidatar a presidente. Neste caso da Assembleia Municipal de Setúbal pela lista do PS encabeçada por Catarino Costa. Este último está deliciado com a decisão:
"«António Vitorino tem perfil para desempenhar qualquer alta função a nível nacional e mesmo mundial, é um homem de grande valor e brilhantismo intelectual», afirma Catarino Costa. Por isso, acredita que os setubalenses «se vão orgulhar de ter à frente do principal órgão autárquico do concelho uma pessoa de tão grande prestígio». "

Recordo que a candidata da CDU ao cargo é Odete Santos. Um embate de gigantes intelectuais, portanto.

PS- Não vale a pena reclamar que o título é enganador...

O "toque humano"

A ler, o texto de Rui Ramos no Portugal Diário:
"Há casos, porém, em que a maquilhagem humanizadora levanta protestos. Viu-se isso a propósito de dois filmes estreados em Portugal no último ano: os «Diários de Che Guevara», de Walter Salles, e «A Queda - Hitler e o Fim do Terceiro Reich», de Oliver Hirschbiegel.(...)

Como era possível filmar vilões como se fossem seres humanos normais, um no papel de estudante romântico, e o outro conseguindo momentos de compostura no meio do desastre? (...)

Gostamos de pensar que regimes e movimentos que nos habituámos a condenar se deveram apenas à maldade de alguns monstros. É uma ilusão. Hitler e Guevara não foram simplesmente impelidos por maus sentimentos, mas por projectos e visões políticas. Foram estes projectos que os motivaram e que, em determinadas circunstâncias, juntaram à sua volta muita gente. Assim arranjaram força para ultrapassar os últimos limites da humanidade. Ao "humanizar" Hitler e Guevara, os filmes falsearam a história, não porque os mostrassem sem maldade, mas porque os mostraram sem ideias."

sábado, julho 02, 2005

Die Kunst der Fuge

Para quem não percebe alemão (como eu, para crescente desespero pessoal dada a insistência nas tentativas), o título do post traduz-se por A Arte da Fuga.
Este foi o nome que dois cavalheiros deram ao seu blog há um ano atrás. Aos dois os meus parabéns de aniversário!

sexta-feira, julho 01, 2005

Parabéns

Liv Tyler faz hoje 28 anos.

Corvos no Horizonte

O que queremos dizer quando empregamos o termo “gralha”.
Significa o erro nas contas do défice ou o corvo de mau presságio para o país ?
Bem, não há dúvida de que um manto de pessimismo se apossou deste nosso país, que poucos anos antes era visto como a futura Califórnia da Europa.
A economia não cresce, as contas públicas derrapam e as corporações entrincheiram-se na defesa dos direitos adquiridos.
O Estado Social é incipiente, mas mesmo assim está à beira da falência. Por este andar, a sua implosão poderá abrir caminho à utopia liberal : um Estado mínimo, resumido às funções de defesa do território, segurança das pessoas e bens e administração da Justiça. O resto ficará a cargo do mercado e da caridade.

Já pouco me apetece rir...

Aqui fica a notícia na R.Renascença:
De acordo com o "Público", o relatório da Comissão de análise da situação orçamental, conhecido como "Relatório Constâncio", "apresenta um erro numa soma de um quadro que uma vez corrigido conduz a um défice público de 2005 de 6,72% do Produto Interno Bruto (PIB) em vez dos 6,83% que constam do documento".
Este ex-secretário geral do PS, em conjunto com o outro ex-secretário geral do PS e o actual (futuro ex certamente) secretário geral do PS, vão-me deixando com cada vez menos vontade de rir das suas trampolinadas.