quarta-feira, fevereiro 02, 2005

As dívidas dos clubes

O ministro das finanças avisa que a Liga de Futebol profissional e a Federação Portuguesa de Futebol serão alvo de penhoras se não pagarem as dívidas acumuladas pelos clubes, decorrentes do "totonegócio".
A igualdade de tratamento a todos os contribuintes impõe que não hajam situações de excepção ou de perdão para quem faz alarde dos milhões que custam as contratações, salários e despedimentos de treinadores e jogadores. Depois dos milhões que o país gastou em estádios que só encheram durante o Euro, é de uma enorme indecência que as obrigações fiscais dos agentes futebolísticos não sejam cumpridas por sua própria iniciativa.
Entretanto Pinto da Costa lembrou que o estado já tentou penhorar os bens dos clubes. Ficou famosa a penhora da retrete do balneário dos árbitros nas Antas. Viu-se na altura o peso que os clubes têm junto dos políticos e os favores que conseguem obter. Em época de campanha eleitoral, é bom constatar que o ainda ministro das finanças (e reconhecido adepto de futebol) tem a concordância de José Sócrates, tal como ontem afirmou na RTP, na decisão de mandar cobrar coercivamente as dívidas fiscais de 20 milhões de euros.
Só que, como disse um dia Pimenta Machado, no futebol "aquilo que hoje é verdade, amanhã já não é" e a solidariedade socialista pode esmorecer.