Os portugueses na mira da Indústria Musical
Ontem, na Pública, John Kennedy, presidente e administrador executivo da IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), revelou que os portugueses vão receber uma carta a intimá-los ao pagamento de uma indemnização ou em contrário enfrentarão um processo judicial. Tudo por causa da pirataria de músicas que grassa na net.
Não sei aonde tudo isto vai dar, se com a intimidação e a devassa da privacidade a indústria colherá frutos junto dos tribunais portugueses. Mas registei com ironia o facto de a indústria se vangloriar por hoje disponibilizar downloads legais à módica quantia de 99 cêntimos a música. Graças à internet, ficámos a saber como é generosa a indústria...
É certo que não podemos ignorar a questão dos direitos de autor, mas este processo não se esgota somente aí.
Recordo por exemplo a passagem do vinil para o CD, em que os preços quase duplicaram e os lucros das editoras à época dispararam. É deste quinhão que estas não querem abrir mão, utilizando como armas de arremesso os direitos de autor e a sobrevivência dos criadores e da própria música.
A internet veio permitir mais divulgação e informação sobre músicas, num tempo em que os medias tradicionais se uniformizam (a televisão, as radios e os jornais; em Portugal já conhecemos melhores dias no que toca à diversidade informativa). Aí, as comunidades de partilha de ficheiros musicais desempenham um papel importante, disponibilizando álbuns que não estão disponíveis nos canais de vendas, propagando novas sobre músicos ignorados pelas grandes editoras ou que em editoras marginais se debatem com dificuldade em alargar o seu público. Esquecemo-nos de que as comunidade formam gostos, estruturam o consumo e reforçam segmentos do mercados. É contra este mundo plural que se move a indústria.
Não sei aonde tudo isto vai dar, se com a intimidação e a devassa da privacidade a indústria colherá frutos junto dos tribunais portugueses. Mas registei com ironia o facto de a indústria se vangloriar por hoje disponibilizar downloads legais à módica quantia de 99 cêntimos a música. Graças à internet, ficámos a saber como é generosa a indústria...
É certo que não podemos ignorar a questão dos direitos de autor, mas este processo não se esgota somente aí.
Recordo por exemplo a passagem do vinil para o CD, em que os preços quase duplicaram e os lucros das editoras à época dispararam. É deste quinhão que estas não querem abrir mão, utilizando como armas de arremesso os direitos de autor e a sobrevivência dos criadores e da própria música.
A internet veio permitir mais divulgação e informação sobre músicas, num tempo em que os medias tradicionais se uniformizam (a televisão, as radios e os jornais; em Portugal já conhecemos melhores dias no que toca à diversidade informativa). Aí, as comunidades de partilha de ficheiros musicais desempenham um papel importante, disponibilizando álbuns que não estão disponíveis nos canais de vendas, propagando novas sobre músicos ignorados pelas grandes editoras ou que em editoras marginais se debatem com dificuldade em alargar o seu público. Esquecemo-nos de que as comunidade formam gostos, estruturam o consumo e reforçam segmentos do mercados. É contra este mundo plural que se move a indústria.