E nada muda(rá)
A governante lamentou que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais. A título de exemplo, referiu-se à organização dos horários escolares que, segundo sublinhou, privilegia os alunos melhores, assim como filhos de funcionários das escolas.(...)
Maria de Lurdes Rodrigues criticou, ainda, a cultura profissional dos professores. Segundo disse, ela é marcada pela actualização dos conhecimentos científicos, mas "não é uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados"(...)"As reuniões nas escolas são cumpridas apenas porque os normativos legais assim o mandam"(...)No seu entender, há uma aristocracia nas escolas que reserva os melhores alunos para os professores mais experientes, e os piores alunos para os professores mais novos na profissão.
[JN]Acusações sérias, principalmente feitas por quem as faz. Parecem ser o reconhecimento de que o estado central perdeu o controlo da situação na guerra com os grupos de interesses instalados no sistema público de ensino, os quais foram recebendo ao longo dos anos benesses e capacidade de actuarem em seu próprio favor. A ministra recorre agora à difusão pela comunicação social destas declarações de catástrofe para apelar à simpatia dos pais, colocando-se do seu lado e colocando os professores em posição de adversários. Os pais, por sinal e coincidência, passarão a avaliar os professores.
Mais uma vez o paradigma do sistema público e de como este é planeado, financiado e implementado continua inquestionável. É sempre sugerido mais um "fine tuning" que reorganizará o equilíbrio de poderes e a todos contentará.
Adenda: a ler também a notícia no DN.
Texto já colocado no Insurgente.