terça-feira, setembro 19, 2006

Pactos

Em Portugal vivemos de pactos.
Para nós, os pactos são como que antidepressivos, que o que importa é dissipar os tormentos do presente, pois não possível viver senão à base do recalcamento.
Então se é de pactos de regime que se trata, e ainda para mais sobre a Justiça, domínio onde, não raro, sucumbimos a um ataque de nervos, o efeito é como o daquelas bombas prescritas pelos demiurgos da alma; que nos deixam em estado de torpor. É o tempo em que a cidadania paira num limbo.
À sombra dos pactos dormem os justos, dos pactos com a chancela do bloco central.
O medo devora a alma, a discussão e a livre crítica geram em nós insidiosamente a dúvida (uma maçada). Ao contrário, os pactos (como as ditaduras) remetem-nos para um mundo ordenado, fazem-nos crer que o conflito não existe ou foi superado. Entregamo-nos em sacrifício ao altar do consenso.