segunda-feira, novembro 03, 2008

Um banco muito português

O Banco Português de Negócios, entretanto nacionalizado, foi mais uma criação a partir de cima, para ser mais preciso, foi obra do estreito círculo da governação do Prof. Cavaco e Silva. Breve, de filiação PSD.

Dizem-nos agora que os males deste banco eram bem anteriores ao deflagrar da crise financeira, que auditorias passadas tinham feito eco disso, que o sistema bancário bancário português era sólido... Mas e o que dizer da supervisão do Banco de Portugal, a ser verdade que tudo se resumia à crónica de uma morte anunciada? Como pode Vítor Constâncio dizer-se surpreendido com as nebulosas operações deste banco? Ou garantir-nos que tais práticas não alastraram a outras instituições financeiras da nossa praça? Penso que o Governador do Banco de Portugal não sai muito bem desta história, o que não é assim tão surpreendente, se nos lembrarmos do caso BCP.


Também não me parece ser a mais correcta, a forma como o Governador de Portugal se tem dirigido ao comum dos cidadãos, crítica extensível ao ministro das finanças e ao próprio primeiro-ministro. Porque uma coisa é não querer causar o pânico, outra bem distinta é embarcar num discurso feito de optimismo à margem da realidade presente. Haveria espaço para um discurso diferente, responsável, algures entre os dois pólos, não fosse a cultura paternalista que entre nós grassa.

Mais grave do que a deficiente supervisão, as ilegalidades que se suspeita terem sido cometidas no seio deste banco. Será uma questão talvez para os tribunais. Mas atendendo ao risível (e labiríntico) sistema de justiça que é o nosso, não é de crer que muito venha a ser apurado.

(post de Luís Marvão)