A decepção. Ou o hábito de acreditar nas sondagens...
As últimas sondagens faziam crer num novo triunfo de Barack Obama, agora nas primárias de New Hampshire. Mas foi Hillary Clinton quem prevaleceu, ainda que por uma estreita margem.
Era importante, para Barack, vencer em New Hampshire, pois disputaria as próximas eleições, nos estados do Nevada e da Carolina do Sul, em condições favoráveis, fazendo tremer a candidatura de Hilary, a favorita à nomeação do Partido Democrático. Se Barack tivesse vencido, ganharia um capital político valioso para os combates que se avizinham, porque New Hampshire tem uma ressonância muito para além do seu (diminuto) peso eleitoral.
Ainda a procissão vai no adro, mas arrisco dizer que este reequilibrar das coisas é favorável a Hilary Clinton, cujo estatuto de principal candidata do partido Democrático havia sido beliscado em Iowa. Quando não se é portador desse estatuto, é de vital importância ganhar os primeiros actos eleitorais, para que seja possível conquistá-lo, ou então retirá-lo ao nosso maior oponente.
New Hampshire revelou que Hilary Clinton é maioritária entre os eleitores democratas, mas que os independentes e os jovens continuam a ir para Barack. Ora, isto poderá indiciar dificuldades para o senador do Illinois, nos estados em que as eleições se restringirem aos eleitores democratas, sem lugar a independentes.
Barack conta, é certo, com trunfos importantes, desde logo o facto de as sondagens o indicarem como o democrata mais elegível em caso de eleições presidenciais com os candidatos republicanos que neste momento se perfilam (ao contrário do que sucede com Hillary Clinton). E estes primeiros actos eleitorais também demonstraram haver uma maioria de esquerda, ou seja, daqueles que os americanos designam por liberals, se aos votos de Obama juntarmos os obtidos por John Edwards. Talvez a chave do sucesso de Obama passe por um convergência com os apoiantes de Edwards.