sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Maioria Absoluta

A maioria absoluta aparece como a panaceia para todos os males de que padece a nação lusitana. Não se pede, exige-se.
A argumentação refina-se : uma vez obtida, o governo ficará imune aos lóbis e poderes fácticos que por aí pululam; governará absolutamente.
Olhamos para a Europa, do norte à meridional, e depressa constatamos que dominam os governos de coligação, que nunca constituíram empecilho ao desenvolvimento. Mas estamos em Portugal, país que só entrará nos eixos através da estabilidade absoluta. Como se a estabilidade estivesse arredada das coligações ou acordos de incidência parlamentar.
Neste discurso há um subtexto muito pouco democrático, em que a exaltação do consenso serve para anular a diferença, a discussão e o conflito, essenciais à mudança social e política.
De que a nossa democracia carece é da dignificação do parlamento, lugar de escrutínio das várias propostas políticas, cerne do debate sobre os problemas da nação. Num cenário de maioria absoluta, ficará transformado em mera caixa de ressonância do governo, neste país em que os deputados tem um grau de autonomia reduzido, ou quase nulo, em relação aos directórios partidário. Caminhamos assim para o empobrecimento da nossa vida democrática.
Sou, por tudo o que disse, pelas maiorais relativas, que são potenciadoras do debate político em democracia