O que aí vem - I
Santana Lopes fez mal em ter aceite ser primeiro ministro em Junho passado, num processo de sucessão sem glória. Ele que vinha de uma série de vitórias eleitorais, poderia ter querido afirmar-se através do voto. Não está em causa a legitimidade da sucessão, uma vez que se mantinha estável a maioria parlamentar que suportaria essa solução, garantindo a continuação das reformas de que o país tanto precisa. Aliás, ela mantinha-se estável aquando da dissolução. Entretanto, ao ganhar o congresso do PSD retirou-se a questão da legitimidade interna. Ontem, Santana fez mal em não se demitir, mesmo que declarasse a intenção de ser recandidatar.
Agora Santana Lopes leva o partido para um caminho de culpabilização, uma espécie de caça às bruxas do "a culpa é tua; não, tua; não, dele". Ele inicia um processo em que irá desafiar os seus críticos a assumir as suas responsabilidades, dando azo a que quem o acusa de ter feito uma campanha personalizada e baseada na vitimização (no PSD e no governo), possa contribuir para demonstrar essa sua orientação. O congresso extraordinário será altura da famosa frase "quem tem alguma coisa contra, que fale agora ou para sempre se cale", não podendo os que se calaram no último congresso fazer o mesmo. Pode vir a criar clivagens irreconciliáveis entre muitos dos notáveis, com os delegados locais a ficar de boca aberta de espanto e susto, desorientados sobre o destino do partido.
Como escrevi outro dia, o cenário do «total descalabro eleitoral que encoste "as bases" à parede e torne qualquer candidatura numa monumental vaga de fundo de sebastiânicas consequências» tornou-se uma realidade. Acredito que a antecipação deste cenário levou ao planeamento de um congresso nestas condições. A escolha de quem se apresentará aos delegados como capaz de atravessar o deserto governativo, preparar as presidenciais e as municipais está feita por quem já contactou os caciques locais e se assegurou do seu apoio. Até Santana Lopes deve saber disso. Marques Mendes reafirmou-se preparado para liderar o partido na oposição, mas não se deve pôr de parte o aparecimento de outros, e dantes inesperados, nomes. Porquê descartar já Santana? No entretanto, António Borges sugere Manuela Ferreira Leite.
Agora Santana Lopes leva o partido para um caminho de culpabilização, uma espécie de caça às bruxas do "a culpa é tua; não, tua; não, dele". Ele inicia um processo em que irá desafiar os seus críticos a assumir as suas responsabilidades, dando azo a que quem o acusa de ter feito uma campanha personalizada e baseada na vitimização (no PSD e no governo), possa contribuir para demonstrar essa sua orientação. O congresso extraordinário será altura da famosa frase "quem tem alguma coisa contra, que fale agora ou para sempre se cale", não podendo os que se calaram no último congresso fazer o mesmo. Pode vir a criar clivagens irreconciliáveis entre muitos dos notáveis, com os delegados locais a ficar de boca aberta de espanto e susto, desorientados sobre o destino do partido.
Como escrevi outro dia, o cenário do «total descalabro eleitoral que encoste "as bases" à parede e torne qualquer candidatura numa monumental vaga de fundo de sebastiânicas consequências» tornou-se uma realidade. Acredito que a antecipação deste cenário levou ao planeamento de um congresso nestas condições. A escolha de quem se apresentará aos delegados como capaz de atravessar o deserto governativo, preparar as presidenciais e as municipais está feita por quem já contactou os caciques locais e se assegurou do seu apoio. Até Santana Lopes deve saber disso. Marques Mendes reafirmou-se preparado para liderar o partido na oposição, mas não se deve pôr de parte o aparecimento de outros, e dantes inesperados, nomes. Porquê descartar já Santana? No entretanto, António Borges sugere Manuela Ferreira Leite.