sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Sondar o PSD

As sondagens que dão a maioria absoluta ao PS não podem deixar de implicar que no PSD se sonde as suas estruturas sobre o "day after".
Até ao momento não tenho ideia de Santana Lopes ter mencionado que abandona a liderança em caso de derrota. Nem sequer em caso de maioria absoluta do PS, embora este seja o cenário mais provável e aquele que o PSD deverá preparar. O que vai acontecer no dia 21 de Fevereiro e seguintes? Por um lado há um líder eleito em congresso, um primeiro ministro que não soube manter a estabilidade governativa necessária para não se tornar um alvo fácil do PR, mercê também dos acontecimentos no PS - como se demonstra pela entrevista de ontem de Ferro Rodrigues. Santana Lopes herdou um partido que tinha uma popularidade muito baixa, como demonstram as sondagens anteriores à dissolução do Parlamento. Foi exigido nestes 6 meses, como se fosse natural e atingível, a recuperação das intenções de votos para os níveis de 2002. A maior parte dos ataques mais destrutivos partiram de membros do PSD que usando a sua visibilidade mediática, não cessaram de alardear o quão desgarrada da tradição social-democrata, era a liderança de Santana e dos seus ajudantes de campo.
As reservas morais do partido terão alguém a quem irão rezar louvas a partir de segunda feira? Mesmo que tenham, penso que terão de esperar que a primeira reacção seja de Santana Lopes. Se este decidir ficar, quem está preparado para o enfrentar e exigir um novo congresso? Da maneira que o partido está estruturado, teria de ser alguém que tenha o apoio clientelizado das distritais e concelhias. Alguém que jogasse o jogo com as regras de hoje.
Outro cenário será o total descalabro eleitoral que encoste "as bases" à parede e torne qualquer candidatura numa monumental vaga de fundo de sebastiânicas consequências. Como estas coisas não acontecem por acaso, ela estará a ser preparada há algum tempo e as hipóteses de líder já elencadas, responsabilizando-se tais preparadores pelas consequências dessa ruptura. Não está de todo em causa a legitimidade de tal pretensão. Há concerteza no PSD militantes que têm perfil para o liderar e liderar a oposição parlamentar, talvez durante 4 anos. Com excepção para o caso de uma repetição da dissolução paralmentar, quem está disposto a diferir 4 anos a disputa do poder governamental?