quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Público/Privado

A campanha eleitoral resvalou para o plano da insinuação, alicerçada nos rumores que correm na sociedade, em particular na blogosfera.
Estou-me a lembrar do encontro de Santana Lopes com cerca de um milhar de mulheres, por entre alusões vagamente sexistas, e do cartaz da JSD acerca do candidato socialista a primeiro-ministro. Haveria ainda considerar a rábula sobre o menino que tem medo de jogar.
Importa afirmar que as alusões a respeito da vida privada do candidatos não têm, neste caso, qualquer relevância para o debate político em curso e apenas revelam má-fé, falta de escrúpulos e desespero por parte quem o faz. Em suma, a orientação sexual de um candidato é da esfera íntima e privada e por isso não deve ser trazida para a arena pública; fazê-lo é uma forma de violência.
É certo que há casos em que a fronteira entre público e privado se esbate, como o do político conservador e contrário à interrupção voluntária da gravidez que ajuda um familiar a abortar no estrangeiro, colocando em cheque os valores que publicamente professa, num exemplo imaginário e um tanto grosseiro. Tal só sucede em situações extremas e não é nada disto que se passa aqui.
A tentativa de retirar vantagem política da orientação sexual do adversário afasta o debate político das margens da civilidade.