quinta-feira, março 31, 2005

Choque cultural - ainda a Casa da Música

Ontem, numa estação de televisão, ouvi Couto dos Santos elogiar a obra feita, sendo que a inauguração será feita "sem limitações financeiras". Dizia ele que numa cidade que é um grande centro económico, onde vão os maiores empresários do mundo, havia que lhes proporcionar esta oferta. Claramente são um público carenciado, que necessita ter espectáculos subsidiados. Outro aspecto é a gestão destes equipamentos, entregue aos nomeados políticos do partido da moda o que implicará a procura de satisfazer os interesses da sua clientela.
Não está em causa a qualidade da programação cultural proporcionada. Mas num país de recursos tão escassos e mal geridos pelos governantes, este projecto em particular toma propoções extremas.
Porque não gastar estes fundos públicos na educação para as artes (música, leitura e escrita, pintura,...)? Assim se ajudaria a formar um mercado de consumidores interessados e conhecedores espalhados por todo o país. Havendo essa procura, já não assistiríamos à desavergonhada pedinchisse de subsídios dos produtores teatrais ou cinematográficos. Assim se evitava centrar esses subsídios nas grandes urbes, com espectáculos vistos por uma pequena parte de quem os acaba por pagar.
Penso que é uma ideia semelhante ao choque tecnológico de Sócrates. Porque não um choque Cultural?