terça-feira, abril 05, 2005

A China e a liberdade de Comércio

Sobre as cláusulas de segurança para a indústria têxtil, assolada pela competitividade chinesa, nunca se fala da desigualdade de direitos. Com efeito, na China o custo do factor trabalho é mais baixo do que na Europa, em geral, e do que em Portugal, em Particular, também por força de um poderoso quadro coercivo, onde se inclui, entre outra coisas, a proibição do direito à greve. Ao invés, na Europa a livre negociação ou, se quisermos, o conflito regulado entre trabalhadores e empresários faz parte do corpo de valores centrais da sociedade.
Em suma, a concorrência, erigida em pura abstracção, ilude a realidade dos direitos sociais. É o livre-cambismo cego às condições de vida e aos direitos humanos, que não hesita em pôr no mesmo plano prisioneiros de um qualquer cárcere chinês e trabalhadores assalariados da indústria europeia. Lógica avessa a todo o humanismo, não hesitou, no passado, em impor-se através da política da canhoeira, de que a guerra do ópio é triste exemplo, embora hoje prefira os canais da legitimação tecnocrática.