quinta-feira, outubro 13, 2005

Nem com antidepressivos

Sobre a derrota do Partido socialista nas últimas eleições autárquicas, pesaram mais os factores locais ou as medidas do governo que pretendem afectar interesses e privilégios “corporativos”? Não podemos fugir a uma leitura local dos resultados, porque era a governação das autarquias que estava em causa nestas eleições, e o PS andava pelas ruas da amargura em muitas terras deste nosso país, consequência de anos de mera propagação do caos urbanístico, casos de Cascais, Sintra ou Setúbal, para citar apenas alguns exemplos. Não acredito que tão cedo voltem a governar estes municípios.
Mas há uma leitura nacional que se pode e deve fazer. E ela não se prende com o ataque aos aludidos interesses corporativos (de juizes, professores e funcionalismo público em geral), onde campeou algum populismo, que este não é só atributo do poder local ou regional.
Eu não iria por aí. Ao contrário, acho que pesou e muito a demissão do ministro das finanças, indissociável da OTA e do TGV, investimentos faraónicos (para contento de clientelas) em tempo de sacrifícios, a nomeação de aparatchiks para empresas do Estado ou onde este tem participação e, por fim, a quebra da promessa eleitoral de que não iria aumentar os impostos, porque a memória dos eleitores não é assim tão curta.
Foi assim dissipada toda a réstia de optimismo e já nem com antidepressivos vamos lá.