O PC
Sim, o PC foi um dos vencedores da noite autárquica de que pouco se tem falado.
Do bom resultado em Lisboa, a fazer lembrar aos socialistas que a arrogância paga-se caro (ao coordenador autárquico Jorge Coelho que há mundo para além da absoluta maioria das legislativas), às vitórias no Distrito de Setúbal e ao regresso ao Distrito de Leiria, com a reconquista da simbólica Marinha Grande e a surpresa que constituiu a vitória em Peniche, Câmara onde nunca havia sido a primeira força. E ninguém imaginaria que em 2005 a CDU conquistasse a maioria das Câmaras da Área Metropolitana de Lisboa, e, a manter-se a tradição, terá muito provavelmente a presidência da junta.
Não, não vou dissertar sobre “o modelo autárquico” dos comunistas, mas creio que cada vez mais eleitores valorizam a seriedade e dedicação destes autarcas, uma certa cultura de trabalho e disciplina, espécie de idiossincrasia deste partido. Pode por vezes faltar a visão estratégica, mas há muita energia posta ao serviço das populações. Por isso eles são credíveis.
Para a nova dinâmica adquirida pelo partido nunca é demais realçar Jerónimo de Sousa, cuja liderança, fresca e enérgica, contrasta fortemente com o cinzentismo da era Carvalhas (só o tempo do PCP explica a duração da liderança de Carlos Carvalhas). Conotado com a ala mais conservadora, Jerónimo, porém, rompeu com os estereótipos; sedutor e sempre bem-humorado, mediatizou o PC (o bloco que se cuide!). Sou da opinião que em muito contribuiu para o bom resultado, pelo menos em Lisboa.
Deixámos, pois, de ter um partido emparedado entre a hegemonia do PS no espaço da esquerda e a dinâmica fracturante do BE. Voltou a respirar e a sentir que há, nos tempos que aí vêm, espaço para crescer.
Veremos o que nos trazem as presidenciais, o campo da esquerda vai ser palco de duras batalhas. Disso falarei noutra ocasião, porque o post já vai longo e o fim-de-semana está à porta.