A Democracia na Palestina
As eleições palestinianas deram a vitória à organização islamista Hamas, que conquistou mais de metade dos assentos da assembleia nacional, contrariando todas as previsões.
Para muitos, este resultado assemelha-se a um terramoto capaz de pôr fim ao frágil processo de paz.
Eu não vou embarcar nesse coro grego, é possível entrever sinais de esperança destas eleições, a começar pela forma ordeira como decorreram, sem incidentes de maior. Muito participadas e com uma organização irrepreensível.
O Hamas beneficiou da decomposição da Autoridade Palestiniana, em particular da organização política que lhe dava corpo, a Fatah, hoje profundamente dilacerada. Mesmo assim, no círculo nacional, os resultados das duas formações políticas equivaleram-se; foram as circunscrições distritais que deram a maioria absoluta ao Hamas.
A degenerescência das instituições, a corrupção e o nepotismo nas estruturas da AP, e a rede assistencialista erguida pelos fundamentalistas são certamente causa da surpresa eleitoral.
Sabemos que o Hamas não reconhece o direito de Israel a existir, que é uma força reaccionária, profundamente regressiva. Mas mesmo assim deve governar, ganhou legitimidade nas urnas.
Se for governo, entrará num novo ciclo da sua existência, conhecerá a dura realidade da arte de governar. E vai precisar de muito mais do que retórica religiosa.
Contará com uma oposição forte e os mesmo eleitores que hoje lhe depositam a sua confiança exigirão amanhã rigor e eficácia nas políticas do governo.
Pela capacidade evidenciada na organização destas eleições, pelo pluralismo que elas traduziram, sou optimista quanto ao futuro da Palestina.
Nem caos nem brigas. Os palestinianos saíram à rua em massa para votar nas primeiras eleições… E fizeram disso uma festa. Os que eram Fatah e agora são Hamas. Os que continuam a ser Fatah. Os que continuam a ser Hamas. Os que são outra coisa. Amarelos, verdes ou vermelhos. “A democracia é isto, viver e deixar viver.”
Para muitos, este resultado assemelha-se a um terramoto capaz de pôr fim ao frágil processo de paz.
Eu não vou embarcar nesse coro grego, é possível entrever sinais de esperança destas eleições, a começar pela forma ordeira como decorreram, sem incidentes de maior. Muito participadas e com uma organização irrepreensível.
O Hamas beneficiou da decomposição da Autoridade Palestiniana, em particular da organização política que lhe dava corpo, a Fatah, hoje profundamente dilacerada. Mesmo assim, no círculo nacional, os resultados das duas formações políticas equivaleram-se; foram as circunscrições distritais que deram a maioria absoluta ao Hamas.
A degenerescência das instituições, a corrupção e o nepotismo nas estruturas da AP, e a rede assistencialista erguida pelos fundamentalistas são certamente causa da surpresa eleitoral.
Sabemos que o Hamas não reconhece o direito de Israel a existir, que é uma força reaccionária, profundamente regressiva. Mas mesmo assim deve governar, ganhou legitimidade nas urnas.
Se for governo, entrará num novo ciclo da sua existência, conhecerá a dura realidade da arte de governar. E vai precisar de muito mais do que retórica religiosa.
Contará com uma oposição forte e os mesmo eleitores que hoje lhe depositam a sua confiança exigirão amanhã rigor e eficácia nas políticas do governo.
Pela capacidade evidenciada na organização destas eleições, pelo pluralismo que elas traduziram, sou optimista quanto ao futuro da Palestina.
Nem caos nem brigas. Os palestinianos saíram à rua em massa para votar nas primeiras eleições… E fizeram disso uma festa. Os que eram Fatah e agora são Hamas. Os que continuam a ser Fatah. Os que continuam a ser Hamas. Os que são outra coisa. Amarelos, verdes ou vermelhos. “A democracia é isto, viver e deixar viver.”
Alexandra Lucas Coelho, in Público, 26/01/2006.