Hayek e Presidenciais
Tem-me faltado o tempo para estas coisas da blogosfera.
E neste meu alheamento vejo que Hayek é presença totalizante no Office, a ponto de por um instante me sentir estrangeiro nesta minha casa. Mas foi coisa passageira, lembrei-me da Mónica. E uma Mónica vale por mil Salmas! :)
Mas é da campanha que queria falar, acho que ainda vou a tempo, sem ter de violar a “lei da reflexão”, sem querer perturbar o recolhimento a que os meus compatriotas estão votados no processo de escolha do próximo presidente.
Sobraram arruadas, rarearam ideias, e o mutismo de Cavaco foi quem mais ordenou, em tempo de adulteração da celebérrima canção do Zeca.
A esquerda ora se enredava em questiúnculas, ora vivia na obsessão de Cavaco. Esqueceu-se dos projectos para o país, abdicou de pensar a função presidencial.
Neste triste panorama, inclino-me para Louçã, quem de entre todos à esquerda (o meu espaço) revelou solidez na abordagem dos temas nacionais do presente, a economia, o trabalho com direitos, as desigualdades sociais, o ambiente e o papel do Estado. Procurou ter um discurso politicamente global. Pena foi alguma crispação, que lhe poderá tirar votos.
De Jerónimo, a simpatia (já se tornou um lugar comum), o discurso eficaz mas virado para dentro, para fixar o eleitorado comunista; terá certamente um bom resultado, mas é difícil vislumbrar diferenças entre o discurso de campanha adoptado nas legislativas e este das presidenciais.
Soares deparou com um país que o não queria, travou nestas condições um combate quixotesco. Eu gostei da generosidade e energia postas ao serviço de uma campanha estranhamente pouco profissional (não, esta não era mesma máquina partidária que conduziu Sócrates à maioria absoluta). Os erros abundaram, do quase esvaziar de conteúdo da função presidencial, em que Soares incorreu, até ao tom dos ataques a Cavaco Silva.
Alegre é a surpresa da campanha. Sem ter atrás de si uma máquina partidária, vai porém ter um bom resultado, provavelmente o segundo mais votado destas eleições (é o que dizem todos os inquéritos de opinião, à parte o caso suspeito da Eurosondagem).
Pena o discurso vazio de ideias, somente retórica “patrioteira” e vaidade antifascista; como se o antifascismo fosse só apanágio de Alegre.
Penso que o bom resultado do poeta é expressão da descrença instalada no sistema de partidos (serve também para Cavaco). De positivo, o movimento cívico em torno da candidatura.
Preparo-me para ter Cavaco na presidência, cenário cinzento e triste. Mas não há nada a fazer. O melhor é lembrar-me da Mónica.
E neste meu alheamento vejo que Hayek é presença totalizante no Office, a ponto de por um instante me sentir estrangeiro nesta minha casa. Mas foi coisa passageira, lembrei-me da Mónica. E uma Mónica vale por mil Salmas! :)
Mas é da campanha que queria falar, acho que ainda vou a tempo, sem ter de violar a “lei da reflexão”, sem querer perturbar o recolhimento a que os meus compatriotas estão votados no processo de escolha do próximo presidente.
Sobraram arruadas, rarearam ideias, e o mutismo de Cavaco foi quem mais ordenou, em tempo de adulteração da celebérrima canção do Zeca.
A esquerda ora se enredava em questiúnculas, ora vivia na obsessão de Cavaco. Esqueceu-se dos projectos para o país, abdicou de pensar a função presidencial.
Neste triste panorama, inclino-me para Louçã, quem de entre todos à esquerda (o meu espaço) revelou solidez na abordagem dos temas nacionais do presente, a economia, o trabalho com direitos, as desigualdades sociais, o ambiente e o papel do Estado. Procurou ter um discurso politicamente global. Pena foi alguma crispação, que lhe poderá tirar votos.
De Jerónimo, a simpatia (já se tornou um lugar comum), o discurso eficaz mas virado para dentro, para fixar o eleitorado comunista; terá certamente um bom resultado, mas é difícil vislumbrar diferenças entre o discurso de campanha adoptado nas legislativas e este das presidenciais.
Soares deparou com um país que o não queria, travou nestas condições um combate quixotesco. Eu gostei da generosidade e energia postas ao serviço de uma campanha estranhamente pouco profissional (não, esta não era mesma máquina partidária que conduziu Sócrates à maioria absoluta). Os erros abundaram, do quase esvaziar de conteúdo da função presidencial, em que Soares incorreu, até ao tom dos ataques a Cavaco Silva.
Alegre é a surpresa da campanha. Sem ter atrás de si uma máquina partidária, vai porém ter um bom resultado, provavelmente o segundo mais votado destas eleições (é o que dizem todos os inquéritos de opinião, à parte o caso suspeito da Eurosondagem).
Pena o discurso vazio de ideias, somente retórica “patrioteira” e vaidade antifascista; como se o antifascismo fosse só apanágio de Alegre.
Penso que o bom resultado do poeta é expressão da descrença instalada no sistema de partidos (serve também para Cavaco). De positivo, o movimento cívico em torno da candidatura.
Preparo-me para ter Cavaco na presidência, cenário cinzento e triste. Mas não há nada a fazer. O melhor é lembrar-me da Mónica.