terça-feira, junho 27, 2006

Ninguém Sabe

Example
DAREMO SHIRANAI, de Hirokazu Kore-Eda.
Filmar a lenta e inexorável desolação.
Este belo filme é de abandono e solidão que nos fala, mas também de uma grande vontade de vencer um quotidiano feito de adversidade. Essa vontade é corporizada em Akira, jovem protagonista que ainda criança se vê obrigado a cuidar dos irmãos mais novos; o actor, Yuuya Yagira, foi premiado em Cannes.
É uma dolorosa experiência para nós, espectadores, confrontados com a insinuação da pobreza que cada vez mais vai assolando esta família de crianças perdidas no anonimato de um apartamento da metrópole.
Paradoxalmente, este filme contém a espaços fragmentos de luminosidade, como a promessa de Akira à irmã, Yuki, de a levar até ao lugar donde partem os aviões, feita noite dentro e sob o ruído do monocarril que toma precisamente o caminho do aeroporto. Ou o passeio pela cidade e esse momento de interrupção do quotidiano simbolizado pelo jogo de baseball.
Bom cinema do país do Sol Nascente. Ensaio cinematográfico sobre o abandono e o esquecimento.