Uma punição colectiva
O terrorismo faz do uso do terror a sua principal linguagem política, instrumento privilegiado para atingir um determinado fim, independentemente da sua natureza.
Assim entendida, a palavra terrorismo não distingue organizações ou grupúsculos movidos por um qualquer irredentismo, étnico, religioso ou político/ideológico, dos Estados-nação que fazem do terror instrumento importante das suas políticas. Tem um carácter instrumental, diz respeito aos meios.
É o caso do Estado Israel em relação aos palestinianos. Como entender a acção actualmente em curso na faixa de Gaza a não ser como uma punição colectiva destinada a incutir medo e pavor? Como entender a destruição deliberada da principal central eléctrica de Gaza, que deixará centenas de milhares de pessoas por muito tempo privadas de água e electricidade?
Dir-se-á que Israel procura, ao fazer uso desse instrumento, desencorajar os palestinianos da prática de actos tais, como o rapto de soldados ou cidadãos israelitas e o os atentados bombistas perpetrados em solo hebraico. Mas essa prática política assenta num equívoco, pois confunde organizações e movimentos que praticam o terror com a toda uma população, sobre a qual faz recair uma espécie de culpa colectiva. Legitima-se assim a destruição em larga escala e a privação de milhares de famílias palestinianas das mais elementares condições de vida.
Gaza está hoje à beira de uma catástrofe humanitária, e a quem aproveita o caos e a destruição gerados? Não é certamente ao Estado de Israel, pelo menos aos que no seu seio aspiram à paz.