segunda-feira, maio 07, 2007

A Vitória de Sarkozy

Aconteceu o que todas as sondagens prognosticavam: a vitória de Sarkozy nas presidenciais francesas. Presidenciais marcadas por uma grande participação dos eleitores, sinal da importância por eles conferida a este acto. Está de parabéns a democracia francesa.
A vitória de Sarkozy foi alicerçada, por um lado, na eficácia de um discurso de pendor populista e, por outro, na coerência ideológica e programática do seu projecto de poder. Um projecto claramente de direita, que fez aliás o pleno deste eleitorado; dos liberais à frente nacional. Da necessidade de reduzir o peso do Estado, ideia vendida às elites económicas, às promessas de ordem e segurança para as classes populares. E, claro, tolerância zero para com a imigração ilegal.
Como o exemplo de Bush, as eleições ganham-se pela coerência interna das propostas e pelas marcas ideológicas do discurso, e não já pela conquista dessa nebulosa a que chamamos o centro político; o ponto de equilíbrio da moderação.
Estes são tempos difíceis para esquerda, não apenas na Pátria das Luzes. Ségolène Royal conseguiu ainda assim um bom resultado, se atendermos ao facto de a esquerda ser hoje minoritária em França. As condições objectivas eram lhe pois desfavoráveis. Mas fez uma campanha corajosa e determinada. Perfila-se para o futuro.
A esquerda francesa terá de empreender um doloroso processo de questionamento. Perceber as razões por que tem vindo a perder o voto popular. Buscar os caminhos da renovação, sem cair no logro das derivas tecnocráticas ou das terceiras vias. Terá de ser ousada e não temer o futuro. Porque não basta resistir.


No Liberation:

Un tel écart interpelle la gauche tout entière. L’immobilité doctrinale du PS, produite par ses divisions d’ambition, a plombé d’avance l’élection. Refus de tirer une leçon claire de la bérézina du 21 avril 2002, illusion que le simple jeu de l’alternance suffirait à assurer la victoire, insensibilité aux enjeux nouveaux dans une France transformée par sa propre crise et par la mondialisation, négligence à l’égard du centre, absence de réflexion sur les nouvelles politiques sociales et économiques nécessaires en ce début de siècle, ouverture insuffisante aux innovations de l’altermondialisme dont il fallait prendre le meilleur, suicide par éclatement de la gauche radicale.

A ler também o editorial de Jean-Marie Colombani.