Raúl Castro eleito...
Tal como era esperado, Raúl Castro acabou por ser o escolhido.
Acompanhei parte do discurso na Cubavison, ordem e disciplina foram palavras repetidas em tempo de revolução institucionalizada.
No entanto, houve algo que me fez despertar da minha letargia (não culpo o tom monocórdico de Raúl, pois é costume ser esse o meu estado aos Domingos), pela dureza das palavras, enfim, porque não estava à espera de ouvir assim. Vou tentar reproduzir aquele excerto do discurso, recorrendo à minha memória: “… os milionários subsídios de que beneficiam alguns serviços, a distribuição igualitária da caderneta de racionamento/abastecimento, que, na actual conjuntura económica, resultam irracionais e insustentáveis”.
Ora, isto significa que vamos ter mudanças na esfera das políticas económicas e sociais, muito provavelmente inspiradas no exemplo chinês. Haverá mais mercado em Cuba e quem tem dólares deixará de ter acesso à famosa caderneta de racionamento. Aliás, uma das medidas que está na forja é a revalorização do peso, a moeda cubana, Raúl assumiu que os salários pagos aos trabalhadores do Estado não chegam para as necessidades, por este prisma esteve muito longe de ser um discurso autista ou do faz-de-conta. Depois, a descentralização enquanto meio de tornar a burocracia mais eficiente.
Enfim, prevêem-se mudanças na esfera da economia, mas não na natureza política do regime. Aqui, ecoam novamente as palavras ordem e disciplina, e a firmeza face ao exterior, recado evidentemente dirigido aos Estados unidos e aos exilados cubanos. É provável que estes pouco possam, até porque o famoso embargo americano, uma excrescência do tempo da Guerra Fria, é hoje cada vez menos uma arma contra o regime, num mundo menos unipolar. Aliás, a sua perpetuação deve-se mais às especificidades do sistema eleitoral americano, onde o Estado da Florida desempenha papel de relevo (por causa da poderosa comunidade cubana).
Problemas para o regime virão das transformações na esfera da vida material, que não deixarão de se fazer sentir, como diria Marx, na superstrutura. Em que moldes é que não sabemos. Mas uma coisa é certa, os poderes de que foi investido Raul Castro não se assemelharão aos que foram os de Fidel. O poder de Raul será mais de natureza colegial.
Acompanhei parte do discurso na Cubavison, ordem e disciplina foram palavras repetidas em tempo de revolução institucionalizada.
No entanto, houve algo que me fez despertar da minha letargia (não culpo o tom monocórdico de Raúl, pois é costume ser esse o meu estado aos Domingos), pela dureza das palavras, enfim, porque não estava à espera de ouvir assim. Vou tentar reproduzir aquele excerto do discurso, recorrendo à minha memória: “… os milionários subsídios de que beneficiam alguns serviços, a distribuição igualitária da caderneta de racionamento/abastecimento, que, na actual conjuntura económica, resultam irracionais e insustentáveis”.
Ora, isto significa que vamos ter mudanças na esfera das políticas económicas e sociais, muito provavelmente inspiradas no exemplo chinês. Haverá mais mercado em Cuba e quem tem dólares deixará de ter acesso à famosa caderneta de racionamento. Aliás, uma das medidas que está na forja é a revalorização do peso, a moeda cubana, Raúl assumiu que os salários pagos aos trabalhadores do Estado não chegam para as necessidades, por este prisma esteve muito longe de ser um discurso autista ou do faz-de-conta. Depois, a descentralização enquanto meio de tornar a burocracia mais eficiente.
Enfim, prevêem-se mudanças na esfera da economia, mas não na natureza política do regime. Aqui, ecoam novamente as palavras ordem e disciplina, e a firmeza face ao exterior, recado evidentemente dirigido aos Estados unidos e aos exilados cubanos. É provável que estes pouco possam, até porque o famoso embargo americano, uma excrescência do tempo da Guerra Fria, é hoje cada vez menos uma arma contra o regime, num mundo menos unipolar. Aliás, a sua perpetuação deve-se mais às especificidades do sistema eleitoral americano, onde o Estado da Florida desempenha papel de relevo (por causa da poderosa comunidade cubana).
Problemas para o regime virão das transformações na esfera da vida material, que não deixarão de se fazer sentir, como diria Marx, na superstrutura. Em que moldes é que não sabemos. Mas uma coisa é certa, os poderes de que foi investido Raul Castro não se assemelharão aos que foram os de Fidel. O poder de Raul será mais de natureza colegial.