Do Público, dos Killers, d' Os Belenenses e do exercício da crítica
Chegaram-me ecos desta tempestade causada por um artigo de João Bonifácio, crítico de música do jornal Público.
João Bonifácio conseguiu (diga-se que foi proeza de vulto) com um só texto desencadear a fúria dos adeptos do Belenenses e dos fans da banda pop Killers. Tudo aconteceu no último festival Super Bock Super Rock, que teve como palco o estádio do Restelo.
Não discuto o direito à indignação, quer dos adeptos d' Os belenenses, quer dos fans dos Killers, que se inscreve na esfera da liberdade de expressão (embora o teor de alguns comentários roce a boçalidade e o insulto primário). Mas já não posso aceitar, nem compreender, a reacção da direcção do Público, que em editorial assinado pelo jornalista Nuno Pacheco (sempre tão lesto a criticar os ataques à liberdade expressão noutras paragens do globo terrestre) vem pedir desculpa à instituição Belenenses (como os amadores dos Killers não são instituição, não tiveram direito a pedido de desculpa…), fragilizando e isolando um colaborador do jornal.
Enfim, o velho lastro do país (salazarento) que idolatra os consensos e abomina a crítica. O texto do Bonifácio até nem é coisa do outro mundo em matéria de irreverência ou de crítica corrosiva (basta ir ao arquivo histórico do Público), mas recorria ao humor para retratar aspectos de mais um festival de música. E o humor incomoda muita gente. Incomodou os adeptos do Belenenses, os admiradores dos Killers e a direcção do Público, talvez ávida de leitores em tempo de crise. E, em tempo de crise, a dissensão não é tolerada. Mas diríamos mais, o editorial do Público é um convite à auto-censura. Ou, na melhor das hipóteses, a uma crítica pífia.
João Bonifácio conseguiu (diga-se que foi proeza de vulto) com um só texto desencadear a fúria dos adeptos do Belenenses e dos fans da banda pop Killers. Tudo aconteceu no último festival Super Bock Super Rock, que teve como palco o estádio do Restelo.
Não discuto o direito à indignação, quer dos adeptos d' Os belenenses, quer dos fans dos Killers, que se inscreve na esfera da liberdade de expressão (embora o teor de alguns comentários roce a boçalidade e o insulto primário). Mas já não posso aceitar, nem compreender, a reacção da direcção do Público, que em editorial assinado pelo jornalista Nuno Pacheco (sempre tão lesto a criticar os ataques à liberdade expressão noutras paragens do globo terrestre) vem pedir desculpa à instituição Belenenses (como os amadores dos Killers não são instituição, não tiveram direito a pedido de desculpa…), fragilizando e isolando um colaborador do jornal.
Enfim, o velho lastro do país (salazarento) que idolatra os consensos e abomina a crítica. O texto do Bonifácio até nem é coisa do outro mundo em matéria de irreverência ou de crítica corrosiva (basta ir ao arquivo histórico do Público), mas recorria ao humor para retratar aspectos de mais um festival de música. E o humor incomoda muita gente. Incomodou os adeptos do Belenenses, os admiradores dos Killers e a direcção do Público, talvez ávida de leitores em tempo de crise. E, em tempo de crise, a dissensão não é tolerada. Mas diríamos mais, o editorial do Público é um convite à auto-censura. Ou, na melhor das hipóteses, a uma crítica pífia.