Austeridade e funcionários públicos...
Já era tempo de voltar a derramar algumas impressões aqui no blogue, mesmo que o Verão teime em não nos deixar, entrando pelo Outono adentro. Coisas do aquecimento global, dirão alguns.
O tempo das férias já passou à história, sempre promessa de eterna renovação da nossa existência (sim, as férias estão para nós, como o rito estava para o homem da consciência mítica).
Apesar do regresso à laboriosa rotina, confesso que a predisposição para as notícias dos jornais e das (inenarráveis) televisões não é muita. E a escrita, aqui nesta plataforma imaterial, só raramente tem visto à luz do dia.
Não quis, porém, deixar passar esta nova vaga de austeridade, que se segue ao famigerado PEC2, ainda mal digerido. Pedem-nos sacrifícios, mas os laços de pertença a uma comunidade nacional estão cada vez mais enfraquecidos, pelo que qualquer apelo a um esforço colectivo acaba diluído entre o cinismo e o risível.
É assim o nosso tempo. Um tempo em que a norma é acudir aos bancos, rapidamente e em força e com o dinheiro dos contribuintes, enquanto se baixam os salários dos servidores do Estado e se aumenta a tributação do trabalho. Os funcionários públicos, como não podia deixar de ser, emergem como bodes expiatórios desta crise, subtexto de comentários televisivos e de circunspectos editoriais da chamada imprensa de referência. Enfim, uns inúteis, esses funcionários público, que nos precipitaram a todos no abismo do défice e da dívida externa. Não deixo de imaginar toda essa legião de comentaristas numa sociedade sem polícias, ou em que estes viveriam com salários cada vez mais depauperadados. Quem iria então encarregar-se da segurança e dos bens dos senhores comentaristas? As empresas privadas? Ou as máfias e os gangues que preencheriam o vazio deixado pelas polícias? E a administração da justiça? Caberia aos privados? Ou a associações de condomínio democraticamente eleitas? Seria lindo de ver, não fosse assaz distópico.
O tempo das férias já passou à história, sempre promessa de eterna renovação da nossa existência (sim, as férias estão para nós, como o rito estava para o homem da consciência mítica).
Apesar do regresso à laboriosa rotina, confesso que a predisposição para as notícias dos jornais e das (inenarráveis) televisões não é muita. E a escrita, aqui nesta plataforma imaterial, só raramente tem visto à luz do dia.
Não quis, porém, deixar passar esta nova vaga de austeridade, que se segue ao famigerado PEC2, ainda mal digerido. Pedem-nos sacrifícios, mas os laços de pertença a uma comunidade nacional estão cada vez mais enfraquecidos, pelo que qualquer apelo a um esforço colectivo acaba diluído entre o cinismo e o risível.
É assim o nosso tempo. Um tempo em que a norma é acudir aos bancos, rapidamente e em força e com o dinheiro dos contribuintes, enquanto se baixam os salários dos servidores do Estado e se aumenta a tributação do trabalho. Os funcionários públicos, como não podia deixar de ser, emergem como bodes expiatórios desta crise, subtexto de comentários televisivos e de circunspectos editoriais da chamada imprensa de referência. Enfim, uns inúteis, esses funcionários público, que nos precipitaram a todos no abismo do défice e da dívida externa. Não deixo de imaginar toda essa legião de comentaristas numa sociedade sem polícias, ou em que estes viveriam com salários cada vez mais depauperadados. Quem iria então encarregar-se da segurança e dos bens dos senhores comentaristas? As empresas privadas? Ou as máfias e os gangues que preencheriam o vazio deixado pelas polícias? E a administração da justiça? Caberia aos privados? Ou a associações de condomínio democraticamente eleitas? Seria lindo de ver, não fosse assaz distópico.