Alô? Está? António Vitorino?
"- Daqui fala Vitor Constâncio. Sim. Acabei de falar com o homem. Sim, está melhorzinho, está. Olha, pá, liguei-te para te aconselhar sobre a filosofia que a nossa política económica deve seguir.
(ao auscultador ouvem-se barulhos disconexos, tosses, engasgos...)
Qu'é que foi?!? Então a vitória em Fevereiro não vai ser de todos os companheiros e camaradas? Essa coisa das "Novas Raias" ou "Fronteiras" não está aberta a todos? Olha que, ao contrário de alguns, eu já tive a coragem de ser SG. 'Tá certo que nas eleições o Cavaco me deu uma sova, mas... Não interessa! Ouve, tens de escrever aí no programa: «aumentar as receitas efectivas e conter as despesas».
(risos abafados, e depois gargalhadas desbragadas é o que se ouve no auricular).
Eh pá! Importas-te?!?! Olha que o Santana ainda não esticou o pernil político e o Paulo anda a dizer que os ministros dele se fartaram de trabalhar. Temos de passar uma imagem de responsabildade. Seria um cena fracturante dada a balburdia actual."
As gargalhadas tornam-se tão sonoras que o Governador do Banco de Portugal tem de afastar o telefone do ouvido. Entristecido por mais uma vez o seu partido não lhe dar ouvidos, prepara-se para se afastar na direcção do pôr do sol. Mais um reformado por conta da Caixa de Aposentações.
Do outro lado da linha, o ex-Comissário retoma a conversa com o dono do casaco Armani que se senta à sua frente.
"-Já viste este tipo? Estes ex- Secretários Gerais são uns chatos... Todos eles: o Mário e os golpes militares, o Sampaio que se adiantou na dissolução, este com a mania de ser poupadinho! Então e as políticas sociais? Somos ou não os herdeiros e guardadores do estado providência, que tudo vê, tudo controla e a todos tira para redistribuir?
Ó pá...'Tás acordado ou quê? 'Tás a ouvir?"
O olhar, perdido no espaço, do seu interlucotor parece maquiavélico de conteúdo. A pausa que o telefonema lhe proporcionou deixou-o ordenar os pensamentos e reafirmar a justeza da sua luta.
"Eles vão ver. Eu vou lixá-los todos. Pensavam que se tinham visto livres de mim? Já sou SG, mas ainda não terminei. Ah, não...! Eles vão ver. Vou co-incinerar tudo o que me apareça à frente!"
(ao auscultador ouvem-se barulhos disconexos, tosses, engasgos...)
Qu'é que foi?!? Então a vitória em Fevereiro não vai ser de todos os companheiros e camaradas? Essa coisa das "Novas Raias" ou "Fronteiras" não está aberta a todos? Olha que, ao contrário de alguns, eu já tive a coragem de ser SG. 'Tá certo que nas eleições o Cavaco me deu uma sova, mas... Não interessa! Ouve, tens de escrever aí no programa: «aumentar as receitas efectivas e conter as despesas».
(risos abafados, e depois gargalhadas desbragadas é o que se ouve no auricular).
Eh pá! Importas-te?!?! Olha que o Santana ainda não esticou o pernil político e o Paulo anda a dizer que os ministros dele se fartaram de trabalhar. Temos de passar uma imagem de responsabildade. Seria um cena fracturante dada a balburdia actual."
As gargalhadas tornam-se tão sonoras que o Governador do Banco de Portugal tem de afastar o telefone do ouvido. Entristecido por mais uma vez o seu partido não lhe dar ouvidos, prepara-se para se afastar na direcção do pôr do sol. Mais um reformado por conta da Caixa de Aposentações.
Do outro lado da linha, o ex-Comissário retoma a conversa com o dono do casaco Armani que se senta à sua frente.
"-Já viste este tipo? Estes ex- Secretários Gerais são uns chatos... Todos eles: o Mário e os golpes militares, o Sampaio que se adiantou na dissolução, este com a mania de ser poupadinho! Então e as políticas sociais? Somos ou não os herdeiros e guardadores do estado providência, que tudo vê, tudo controla e a todos tira para redistribuir?
Ó pá...'Tás acordado ou quê? 'Tás a ouvir?"
O olhar, perdido no espaço, do seu interlucotor parece maquiavélico de conteúdo. A pausa que o telefonema lhe proporcionou deixou-o ordenar os pensamentos e reafirmar a justeza da sua luta.
"Eles vão ver. Eu vou lixá-los todos. Pensavam que se tinham visto livres de mim? Já sou SG, mas ainda não terminei. Ah, não...! Eles vão ver. Vou co-incinerar tudo o que me apareça à frente!"