segunda-feira, janeiro 24, 2005

Louçã e a Reacção

Já aqui comentei o debate entre Francisco Louçã e Paulo Portas, não vou por isso repetir-me. Focalizo-me apenas na infeliz reacção de Louçã na questão do aborto e nos comentários que suscitou.
Penso que deveria ser enquadrada no contexto das considerações de Portas sobre a vida, de que o CDS seria o grande paladino enquanto os que defendem a interrupção voluntária da gravidez uma espécie de assassinos. Há claramente um subtexto nesse sentido no discurso de Portas, o que, na minha opinião, desencadeou as tristes declarações de Louçã.
Já me pareceram excessivas as considerações posteriores que tiveram lugar no jornal “Público”. Com efeito, é ridículo ver numa reacção emocional (por vezes esquecemo-nos de que os políticos são humanos, como todos nós erram e têm falhas) uma reminiscência salzarista (ver editorial de Eduardo Dâmaso, 22/1/2005), um conservadorismo ultramontano na defesa da família tradicional(crónica de Ana Sá Lopes, 23/1/2005) . O que os comentário do Público revelam é um politicamente correcto inquisitorial, pronto a descobrir em todos nós, ao menor descuido, indefectíveis reaccionários.