Multiculturalismo
Creio que é importante uma discussão aberta do Multiculturalismo, na sua vertente institucional.
O filme “Insubmissão” do realizador holandês Theo Van Gogh remete-nos necessariamente para o modelo multiculturalista de integração dos imigrantes, paradoxalmente posto em prática em países de tradição liberal, como o Reino Unido ou a Holanda. Digo paradoxalmente porque, eminentemente comunitarista, floresceu em países cujo corpo de valores centrais assenta nos direitos individuais.
Dito de outro modo, o multiculturalismo estabelece o primado da comunidade sobre o indivíduo. Insiste na especificidade, no direito à diferença das comunidades, entidades monolíticas onde não há espaço para a esfera individual. Nessa deriva identitária, o indivíduo fica encerrado na sua identidade de origem.
Este determinismo é fonte de atropelos à dignidade da pessoa humana : se uma rapariga é obrigada a casar contra a sua vontade, tal é visto como uma prática ancorada nos costumes ancestrais da comunidade, não havendo por isso lugar a intervenção do Estado na defesa da dignidade individual. E a pobre rapariga, não constituída em sujeito autónomo, somente parte de um todo, lá tem de se sujeitar à sua sorte; e não há associação de defesa dos direitos humanos que se interesse pela sua causa.
O caso de Ayaan Hirsi Ali é revelador do que atrás foi dito : por ter renunciado ao Islão, por ter interiorizado novos valores em oposição à identidade de partida, é ameaçada de morte. E não consta que, na Holanda, alguma associação de direitos humanos tenha saído em sua defesa. Ao invés, chegou até a ser alvo da censura destas “pela severidade das suas críticas ao Islão”. Tudo em nome do sacrossanto multiculturalismo.
Em suma, as políticas de imigração e acolhimento, fundadas no dogma do multiculturalismo, criaram uma espécie de segregação, apartheid avant la letre, pois a Lei Geral da sociedade de acolhimento não se aplica aos membros dos grupos étnico-religiosos. Para estes, há apenas a especificidade comunitária, excluídos que estão da cidadania.
As sociedades ocidentais necessitam de remover este corpo ideológico, enfatizar mais as semelhanças do que as diferenças entre os vários agrupamentos humanos; enfatizar a dignidade do indivíduo, independentemente das pertenças culturais, étnicas ou religiosas; enfatizar a Cidadania e os Direitos Humanos.
O filme “Insubmissão” do realizador holandês Theo Van Gogh remete-nos necessariamente para o modelo multiculturalista de integração dos imigrantes, paradoxalmente posto em prática em países de tradição liberal, como o Reino Unido ou a Holanda. Digo paradoxalmente porque, eminentemente comunitarista, floresceu em países cujo corpo de valores centrais assenta nos direitos individuais.
Dito de outro modo, o multiculturalismo estabelece o primado da comunidade sobre o indivíduo. Insiste na especificidade, no direito à diferença das comunidades, entidades monolíticas onde não há espaço para a esfera individual. Nessa deriva identitária, o indivíduo fica encerrado na sua identidade de origem.
Este determinismo é fonte de atropelos à dignidade da pessoa humana : se uma rapariga é obrigada a casar contra a sua vontade, tal é visto como uma prática ancorada nos costumes ancestrais da comunidade, não havendo por isso lugar a intervenção do Estado na defesa da dignidade individual. E a pobre rapariga, não constituída em sujeito autónomo, somente parte de um todo, lá tem de se sujeitar à sua sorte; e não há associação de defesa dos direitos humanos que se interesse pela sua causa.
O caso de Ayaan Hirsi Ali é revelador do que atrás foi dito : por ter renunciado ao Islão, por ter interiorizado novos valores em oposição à identidade de partida, é ameaçada de morte. E não consta que, na Holanda, alguma associação de direitos humanos tenha saído em sua defesa. Ao invés, chegou até a ser alvo da censura destas “pela severidade das suas críticas ao Islão”. Tudo em nome do sacrossanto multiculturalismo.
Em suma, as políticas de imigração e acolhimento, fundadas no dogma do multiculturalismo, criaram uma espécie de segregação, apartheid avant la letre, pois a Lei Geral da sociedade de acolhimento não se aplica aos membros dos grupos étnico-religiosos. Para estes, há apenas a especificidade comunitária, excluídos que estão da cidadania.
As sociedades ocidentais necessitam de remover este corpo ideológico, enfatizar mais as semelhanças do que as diferenças entre os vários agrupamentos humanos; enfatizar a dignidade do indivíduo, independentemente das pertenças culturais, étnicas ou religiosas; enfatizar a Cidadania e os Direitos Humanos.