A Revolução de 1906
Lembrei-me dela a propósito de das eleições iraquianas que se avizinham, para assinalar as diferenças.
Foi genuinamente uma revolução democrática e teve origem no humilhante jugo a que a Pérsia estava sujeita pelas principais potências europeias da época, a Rússia em particular. Na sua origem próxima esteve o acordo entre o Xá da Pérsia e o Czar da Rússia, em que este cedia, a título de empréstimo, a quantia de vinte e dois milhões e meio de rublos e em troca assumia o controlo, por um período de setenta e cinco anos, das receitas provenientes das alfândegas persas. O russos recorreram aos belgas para implementar tão vantajoso acordo. O episódio que deflagrou a revolução foi originado por um destes funcionários belgas, que, imaginem só!, acumulava as funções de ministro dos correios e telégrafos, tesoureiro-geral da Pérsia, chefe do departamento de Passaportes, director-geral das Alfândegas e ainda tinha tempo para ser membro do Conselho Supremo do Reino. O referido funcionário, numa festa, mascarou-se de mollah e a notícia correu depressa pelo bazar de Teerão, gerando a revolta.
Bom, não me quero alongar nas causas, direi apenas o papel desempenhado por acontecimentos ocorridos fora da Pérsia, mas com profundo impacto aí, como a derrota da Rússia às mãos dos japoneses e a subsequente revolução de 1905 (lembram-se do Potemkine?).
Os comerciantes do bazar, as mulheres e uma parte do clero a ela aderiram. A facção modernista do clero citava mesmo uma passagem do Corão para fundamentar o apio dado : “ que os vossos negócios se regulem por concertação entre vós”, interpretando-a no sentido de os homens se governarem democraticamente.
O Xá foi obrigado a ceder e a convocar eleições por sufrágio directo que deram origem ao primeiro parlamento de história persa.
Mas este grito de liberdade daqueles que viviam sob o jugo obscurantismo e da tirania acabou esmagado pelas principais potências europeias, algumas muito democráticas, como a Inglaterra e a França.
Quase cem anos depois, agora no Iraque, o Ocidente, por intermédio dos americanos, prepara-se talvez para dar o golpe de finados na Democracia ao associá-la a um impenitente imperialismo armado. São histórias que ficam gravadas na memória do Oriente.
Mas pode ser que não, e a vontade dos povos em viver em liberdade se sobreponha aos desmandos do Imperialismo.
Foi genuinamente uma revolução democrática e teve origem no humilhante jugo a que a Pérsia estava sujeita pelas principais potências europeias da época, a Rússia em particular. Na sua origem próxima esteve o acordo entre o Xá da Pérsia e o Czar da Rússia, em que este cedia, a título de empréstimo, a quantia de vinte e dois milhões e meio de rublos e em troca assumia o controlo, por um período de setenta e cinco anos, das receitas provenientes das alfândegas persas. O russos recorreram aos belgas para implementar tão vantajoso acordo. O episódio que deflagrou a revolução foi originado por um destes funcionários belgas, que, imaginem só!, acumulava as funções de ministro dos correios e telégrafos, tesoureiro-geral da Pérsia, chefe do departamento de Passaportes, director-geral das Alfândegas e ainda tinha tempo para ser membro do Conselho Supremo do Reino. O referido funcionário, numa festa, mascarou-se de mollah e a notícia correu depressa pelo bazar de Teerão, gerando a revolta.
Bom, não me quero alongar nas causas, direi apenas o papel desempenhado por acontecimentos ocorridos fora da Pérsia, mas com profundo impacto aí, como a derrota da Rússia às mãos dos japoneses e a subsequente revolução de 1905 (lembram-se do Potemkine?).
Os comerciantes do bazar, as mulheres e uma parte do clero a ela aderiram. A facção modernista do clero citava mesmo uma passagem do Corão para fundamentar o apio dado : “ que os vossos negócios se regulem por concertação entre vós”, interpretando-a no sentido de os homens se governarem democraticamente.
O Xá foi obrigado a ceder e a convocar eleições por sufrágio directo que deram origem ao primeiro parlamento de história persa.
Mas este grito de liberdade daqueles que viviam sob o jugo obscurantismo e da tirania acabou esmagado pelas principais potências europeias, algumas muito democráticas, como a Inglaterra e a França.
Quase cem anos depois, agora no Iraque, o Ocidente, por intermédio dos americanos, prepara-se talvez para dar o golpe de finados na Democracia ao associá-la a um impenitente imperialismo armado. São histórias que ficam gravadas na memória do Oriente.
Mas pode ser que não, e a vontade dos povos em viver em liberdade se sobreponha aos desmandos do Imperialismo.