sexta-feira, março 04, 2005

Monotaxa

Algumas vezes tenho discordado da DECO, mas desta vez concordo com o seu pedido para que a benesse concedida aos condutores de monovolumes, criada por decreto lei, seja revogada. Sobre este decreto já aqui escrevi das razões da minha discordância.
No Tugir, o Luís Novais Tito, acha que este acordo representa "as tais teorias liberais do pagador utilizador levadas ao último escalão do absurdo."
Pelo contrário. Nada haverá de liberal (ou mesmo de racional) em subsidiar um determinado tipo de transporte aceitando que a empresa afectada pelo abaixamento de tarifas seja compensada com aumentos em determinados troços. Claro que se a empresa tem os seus preçários distorcidos por acção de um legislador satisfeito por agradar a determinada clientela, irá procurar fazer acertos compensatórios noutro lado do seu negócio (a Brisa é uma empresa privada, não é uma instituição de caridade).
O efeito é uma clara forma de política social de redestribuição de rendimentos, de cariz mais socialista que outra coisa. Também o argumento de que ajudaria a fomentar o mercado de monovolumes e a manter a fábrica da Volkswagen em Palmela (origem dos veículos VW, Ford e Seat) me parece irrealista. Não será por este benefício que uma família decidirá aumentar o orçamento que destina à compra de carro para cobrir o custo de um destes veículos (entre 35.000 a 45.000 euros) ajudando à expansão do mercado local (que imagino não ser assim tão grande). Não será por isso razão para que a fábrica fique cá e não seja deslocalizada para os países de leste, que têm mão de obra qualificada, sistemas fiscais mais favoráveis e estão melhor localizados junto aos grandes mercados do centro da Europa.