terça-feira, março 01, 2005

U2, desemprego e subsídios

Enquanto tomava o pequeno almoço, vi na televisão uma reportagem feita no posto da BP de Setúbal onde uma pequena multidão aguardava o ínicio do da venda de bilhetes dos U2. Dizia um senhor, todo excitado pelo facto de poder alardear o seu amor à banda, que "já tinha perdido um dia de trabalho a semana passada e que agora ía perder mais dois, mas que não fazia mal. Eram os que fossem preciso".
Fiquei a pensar que se este senhor fosse despedido por ter faltado ao trabalho, iria de seguida à segurança social pedir o respectivo subsídio de desemprego e queixar-se de como era explorado pelo patrão. Afinal quem pode estar desde sábado no posto da BP à espera de bilhetes? Serão certamente os desocupados profissionalmente ou aqueles que estando empregados pouco valorizam o seu trabalho. Será até razoável estimar (pelas entrevistas que vi) que lá estejam muitos estudantes universitários, que faltando às aulas se aprestam a pagar pelos bilhetes aquilo que dizem não estar dispostos a investir nas suas propinas. Há aqui um preço extra a pagar pelos bilhetes: o custo de oportunidade destes empregados e estudantes subsidiados faltarem injustificadamente às suas ocupações. Esse preço é pago por todos nós, mesmo aqueles que nunca pretedenderam assistir ao concerto ou pelos que tendo esse desejo têm uma restrição temporal que os impede de estar dias e noites em filas.