quinta-feira, junho 02, 2005

Bloqueio

Setúbal começa a dar-se conta do que é ser uma cidade cercada. Para não enfatizar nenhum dramatismo, nem conferir nenhuma conexão militar à situação, direi talvez que é uma cidade com bloqueios.

Vejamos então.

Já se sabe que não se pode construir fora dos actuais limites urbanos porque se entraria em zona protegida pelo Parque Natural da Arrábida, porque noutra direcção se teria de derrubar centenas de sobreiros. Resta demolir e voltar a construir ou seguir uma opção mais anacleta e ocupar os andares ainda não vendidos, nacionalizá-los, tributar-lhes o vazio em vários milhares percentuais, obrigando os seus donos a tentar desfazer-se deles sem queo consigam (quem os compraria nessas condições se já agora não o fazem?). Mas pode-se dizer que este será um bloqueio com efeitos a mais longo prazo do que aquele que me preocupa por agora.

Aproxima-se o Verão. Esqueçamos estas minudências urbanísticas e pensemos antes em dourar o corpo recauchutado pelas dietas primaveris. Na Arrábida? Não, porque a estrada continuará cortada. As várias entidades e organismos públicos com responsabilidades pela obra de recuperação da estrada e das arribas, o seu pagamento e sua autorização, movem-se à velocidade das nomeações e mudanças de governo. Mais um ano sem Figueirinha e sem Galapos.

Para onde escapar? Como arrefecer o calor do Verão que já aí chega? A resposta estaria do outro lado do rio, passado a ferry-boat. Mas Troia vai finalmente ver-se livre de algumas torres, numa recuperação turística que se tornou vísivel assim que o estado se retirou donde nunca devia ter estado. O estaleiro de obras está garantido. Mais desvios terão que ser seguidos para chegar ao Atlântico.
Afortunados os que podem seguir mais para sul e deixar a nossa cidade aos seus bloqueios. Por enquanto as autoestradas continuam abertas. Talvez seja caso de pedir a sua passagem a SCUT.