André Valente
Nem tudo é mau quando falamos de cinema português, tantas vezes alvo de apressados julgamentos. Recordo “André Valente”, de Catarina Ruivo, primeira obra muito promissora, que vi no ano passado.
Um fino olhar sobre a infância, uma infância bela e caótica, filmada sob o signo da precariedade. As provações da realidade, a obrigação de crescer (que requer muita coragem) estão lá, expostas de forma muito inteligente.
É um filme duro, mas os momentos de reinvenção da felicidade são enternecedores. As personagens têm espessura e é difícil não as amar.
Excelente a fotografia, dos interiores sombrios aos desolados (suburbanos) espaços exteriores.
Em suma, um exemplo de uma boa aplicação dos fundos de apoio ao cinema português. Pena que tenha tido uma passagem discreta pelas nossa salas de cinema. Lá fora recebeu reconhecimento e foi até premiado (em Locarno e, salvo erro, num festival da Coreia do Sul).