Estado e Cultura
Do campo liberal vêm críticas às políticas culturais do Estado português, reclamando deste que se abstenha de financiar projectos artísticos com o dinheiro dos contribuintes (a velha máxima de que não há almoços grátis).
Vitupera-se o Estado por impor gostos ao subsidiar as artes, perpetuando a dependência dos criadores, que acabariam convertidos em agentes propagandísticos desse mesmo Estado (aqui, estão a lembrar-se de André Malraux, que por acaso até era de direita).
A realidade é porém bem mais complexa. Na maioria dos casos, os burocratas têm apenas uma imagem relativa do que será a materialização do projecto cultural sobre o qual estão obrigados a decidir a afectação de recursos por natureza escassos. A história está cheia de exemplos do que afirmei, mesmo em estados totalitários não raro emergia uma obra não do agrado das ortodoxias (veja-se o desagrado manifestado por Staline quando da segunda parte do filme de Sergei Eisenstein, Ivan, o Terrível).
Voltando à questão das subvenções, é evidente que a crónica dependência do financiamento público não é sadia. Ora, isso é agravado pelas vicissitudes do nosso Estado (decisões tantas vezes opacas ) e por uma sociedade civil frágil, cujas elites financeiras revelam pouca apetência pela promoção das artes.
Num tal contexto, o papel do Estado deve ser o da pluralização da oferta cultural, apoiando a inovação e os jovens criadores. Com isso ganhará a nossa sociedade, enriquecida por novas perspectivas face a um mercado que estreita e uniformiza : atente-se na triste paisagem televisiva, que com a privatização se limita acima de tudo a dar-nos telenovelas e reality shows; um olhar distraído sobre o tempo em que tínhamos dois canais do estado bastaria para constatar como então a programação era muito mais diversificada e rica. E o cabo não veio melhorar muito o actual estado de coisas.
Idealmente, seria desejável que os actores culturais buscassem as suas fontes financiamento na sociedade civil, mas infelizmente não vivemos no melhor dos mundos (aqui, neste nosso presente, eu sou pragmático) e o Estado acaba por ser incontornável se queremos alargar e diversificar a oferta cultural, que é uma dimensão importante da vida dos indivíduos e das sociedades.
Vitupera-se o Estado por impor gostos ao subsidiar as artes, perpetuando a dependência dos criadores, que acabariam convertidos em agentes propagandísticos desse mesmo Estado (aqui, estão a lembrar-se de André Malraux, que por acaso até era de direita).
A realidade é porém bem mais complexa. Na maioria dos casos, os burocratas têm apenas uma imagem relativa do que será a materialização do projecto cultural sobre o qual estão obrigados a decidir a afectação de recursos por natureza escassos. A história está cheia de exemplos do que afirmei, mesmo em estados totalitários não raro emergia uma obra não do agrado das ortodoxias (veja-se o desagrado manifestado por Staline quando da segunda parte do filme de Sergei Eisenstein, Ivan, o Terrível).
Voltando à questão das subvenções, é evidente que a crónica dependência do financiamento público não é sadia. Ora, isso é agravado pelas vicissitudes do nosso Estado (decisões tantas vezes opacas ) e por uma sociedade civil frágil, cujas elites financeiras revelam pouca apetência pela promoção das artes.
Num tal contexto, o papel do Estado deve ser o da pluralização da oferta cultural, apoiando a inovação e os jovens criadores. Com isso ganhará a nossa sociedade, enriquecida por novas perspectivas face a um mercado que estreita e uniformiza : atente-se na triste paisagem televisiva, que com a privatização se limita acima de tudo a dar-nos telenovelas e reality shows; um olhar distraído sobre o tempo em que tínhamos dois canais do estado bastaria para constatar como então a programação era muito mais diversificada e rica. E o cabo não veio melhorar muito o actual estado de coisas.
Idealmente, seria desejável que os actores culturais buscassem as suas fontes financiamento na sociedade civil, mas infelizmente não vivemos no melhor dos mundos (aqui, neste nosso presente, eu sou pragmático) e o Estado acaba por ser incontornável se queremos alargar e diversificar a oferta cultural, que é uma dimensão importante da vida dos indivíduos e das sociedades.