O Julgamento de Saddam
O Julgamento de Saddam não tem merecido a cobertura da nossa imprensa (a escrita e a televisiva). Mas vale-nos a internet, o acesso rápido à imprensa internacional e ao admirável mundo novo dos blogs.
Ficamos então a conhecer os contornos da acusação: Saddam Hussein é acusado, não dos massacres dos curdos em Hallaja, onde como é sabido recorreu a armas químicas, ou da brutal repressão do levantamento xiita no sul do país, a seguir à guerra do Golfo, mas sim de ter orquestrado a morte de mais de meia centena xiitas em Dujail, depois de ter sido alvo de uma tentativa de assassinato. Trata-se de um crime menor, no extenso currículo do antigo senhor de Bagdad, e além disso perdido no tempo : remonta ao ano de 1982, em plena guerra Irão/Iraque.
Numa analogia um tanto ou quanto grosseira, seria o mesmo que julgar e executar os nazis pelos crimes da célebre “noite das facas longas”, em que Hitler, na sua ascensão ao poder absoluto, se desembaraçou das SA.
É muito pouco para justificar tão desastrosa intervenção militar (caído o argumento das armas de destruição maciça, restava o “dever moral” das nações democráticas, corporizadas pelos EUA e Reino Unido, porem cobro ao despotismo sanguinário de Saddam). E é seguramente um julgamento deficitário, destituído de legitimidade aos olhos dos sunitas, cada vez mais alienados do processo de construção do “novo Iraque” (resta saber se o federalismo agora instituído não será o primeiro passo para a desagregação nacional, submergida por configurações territoriais etnicamente distintas).
O julgamento de Saddam Hussein muito provavelmente culminará na pena de morte, acabando por lançar mais achas para a fogueira da guerra civil em que cada vez mais o território da antiga Mesoptâmia se vê mergulhado.
Ficamos então a conhecer os contornos da acusação: Saddam Hussein é acusado, não dos massacres dos curdos em Hallaja, onde como é sabido recorreu a armas químicas, ou da brutal repressão do levantamento xiita no sul do país, a seguir à guerra do Golfo, mas sim de ter orquestrado a morte de mais de meia centena xiitas em Dujail, depois de ter sido alvo de uma tentativa de assassinato. Trata-se de um crime menor, no extenso currículo do antigo senhor de Bagdad, e além disso perdido no tempo : remonta ao ano de 1982, em plena guerra Irão/Iraque.
Numa analogia um tanto ou quanto grosseira, seria o mesmo que julgar e executar os nazis pelos crimes da célebre “noite das facas longas”, em que Hitler, na sua ascensão ao poder absoluto, se desembaraçou das SA.
É muito pouco para justificar tão desastrosa intervenção militar (caído o argumento das armas de destruição maciça, restava o “dever moral” das nações democráticas, corporizadas pelos EUA e Reino Unido, porem cobro ao despotismo sanguinário de Saddam). E é seguramente um julgamento deficitário, destituído de legitimidade aos olhos dos sunitas, cada vez mais alienados do processo de construção do “novo Iraque” (resta saber se o federalismo agora instituído não será o primeiro passo para a desagregação nacional, submergida por configurações territoriais etnicamente distintas).
O julgamento de Saddam Hussein muito provavelmente culminará na pena de morte, acabando por lançar mais achas para a fogueira da guerra civil em que cada vez mais o território da antiga Mesoptâmia se vê mergulhado.