quarta-feira, dezembro 07, 2005

Crucifixos

Crucifixos abalam as boas consciências católicas.
É a escola pública que está em causa, apenas porque, timidamente, o Ministério da Educação entendeu cumprir o princípio da laicidade inscrito na Constituição da República, o dever da neutralidade do Estado perante as confissões.
Ora, a existência de símbolos religiosos na escola pública viola a neutralidade a que o Estado está obrigado; choca com a vocação universalista da escola republicana.
Não percebo a celeuma, trata-se tão-só de pôr cobro a uma prática instituída por Salazar, que mandou colocar crucifixos nas escolas em vésperas da concordata.
Dizem tratar-se de um atentado à liberdade religiosa. Não vejo como : a escola do Estado não esgota a esfera pública e os católicos, à semelhança aliás de todos os crentes, podem nesta ostentar simbologia religiosa. Não são perseguidos por isso nem ninguém está a relegar a religião para a esfera do privada.
Será desejo secreto de ter presença ostensiva na esfera pública, como fazem os fiéis do Islão militante. Se é isso, então os tempos não vão de feição para os católicos.