quinta-feira, junho 08, 2006

Gaiatos

Normalmente encontro-os ao fim de semana à porta do hipermercado. A quem entra, tentam vender o jornal da instituição. Raras vezes dizem uma palavra. A sua presença, os corpos pequenos e franzinos de quase todos, são interpelação suficiente para quem tem a cabeça na lista de mercearias.
A instituição que os tutela devia ser o refúgio de não terem nascido numa família que os pudesse suster e acarinhar, prepará-los para crescerem e enfrentarem as responsabilidades da vida adulta.
As organizações são feitas por homens e estes dotados de qualidades e defeitos. Quando estes dominam e se transformam em abusos, cabe aos outros homens intervir e assegurar protecção e justiça a quem tão pouco pode para defender a sua vida, a sua integridade física e mental. Para isso deve servir o Estado, os direitos nele delegados e os meios de coacção que possui. Aqui tem ele um papel fundamental. Não como providenciador dos serviços de apoio social, mas como provedor de justiça - mais atento e célere quando de gaiatos se tratam. Não falo de mais regulamentos especiais nem de mais comissões de acompanhamento. Falo da segurança que é a certeza e confiança na protecção que a comunidade dispende a todos os seus membros. Como há tempos escrevi, a justiça deve ser o "core business" do estado.

Espero que para estes gaiatos ela não tenha chegado tarde.