segunda-feira, junho 05, 2006

Festroia, primeiras impressões

Vi este documentário intitulado The Divided States of America, sobre a digressão da lendária banda eslovena Laibach pelos Estados Unidos em 2004, no tempo das presidenciais americanas que nos revelaram um país profundamente polarizado.
Imagens dos concertos, do rock apocalíptico e iconoclasta , o testemunho de uma miríade de personagens do undergound ou de simples admiradores que nunca imaginaram ver os Laibach em território americano (conservo a deliciosa imagem do pai de duas filhas ainda no início da adolescência, os três vestidos de negro, preparados para o grande concerto; também de um skinhead que sentia uma atracão irresistível pelo som desta banda e que dizia que os Laibach cruzavam “o fascismo com a moderna economia”; deslocou-se do sul dos Estados Unidos até Chicago para não perder o acontecimento).
E depois o discurso dos Laibacah, inteligente e mordaz, às vezes mesmo no limite da provocação: “América é a única nação que na história passou do barbarismo para a decadência sem conhecer o estádio intermédio da civilização”; “dormimos melhor sem o sonho americano.”
A montagem é quase febril, o ritmo a que se sucedem os fragmentos dos concertos ou dos testemunhos capta eficazmente aquilo que julgamos ser a música dos Laibach.
Os Laibach nasceram na Jugoslávia comunista, onde foram alvo da censura. Também proibidos na França democrática, sob a acusação de fazerem “propaganda fascista”.

Gostei da economia de meios, da argúcia e humor presentes nos diálogos de “Na Cama”, filme do chileno Matias Bize. Um homem e uma mulher num quarto de Motel, cenário único desta película. Muito bem engendrado o processo narrativo; da casualidade do encontro à cumplicidade.
Matias Bize soube jogar muito bem com a luz, que muito contribui para atmosfera do filme, para carga intimista que o impregna.

Por último, o privilégio de ter visto Terge Vigen, Victor Sjöström.
Cópia restaurada e belíssimo o acompanhamento pelo pianista norueguês, Ketil Bjornstad.
Pena o calor intenso que se fazia sentir na sala do Fórum Luísa Todi, já é tempo de se investir no conforto dos espectadores, que certamente não tem vocação para estóicos.
A Câmara de Setúbal, se quer continuar a acolher eventos desta dimensão, necessita urgentemente de melhorar as condições do Fórum, sem dúvida um bela sala, mas sem sistema de refrigeração que se sinta.