A Ministra e os professores
Eduardo Prado Coelho, no Público de hoje, põe o dedo na ferida, ou, dito de outro modo, a cegueira pedagógica (aqui eufemismo de ideológico) da ministra e o aviltamento da classe docente:
A campanha de desvalorização da imagem dos professores tem levado os pais a sentirem-se legitimados a ir à escola protestar contra todas as ofensas de que os seus filhos foram alvo (segundo o fantasioso relato de que as inocentes crianças fizeram em casa). É uma forma de pressão que apenas degrada o ambiente. Mas o simples facto de se ter anunciado, em termos relativamente nebulosos, que os pais iriam avaliar os professores conduz os alunos a dizerem desde já: “Professor, para o ano o meu pai é que lhe vai dizer.” Donde, o sentimento de impunidade tende a crescer. Ora é preciso restituir -já!- a autoridade às escolas e deixarmo-nos de demagogias da treta.
Não há transmissão de saber nem pedagogia que possa vingar nestas circunstâncias.
A simples ideia de avaliar professores em função das notas dos alunos é absurda (as notas dependem das escolas, da preparação dos alunos, do meio ambiente e não se pode comparar o incomparável) e perversa.
Os resultados só podem ser um abaixamento da exigência nas escolas.
Público, 7/6/2006.
E a degradação da escola pública, acrescentaria eu, que com amigos destes não precisa de inimigos.
A ministra parece-me animada por uma fé profunda, acredita na pureza imaculada do edifício teórico emanado das modernas ciências da educação, faz-me lembrar o mesmo zelo de outros tempos: os estalinistas da defunta RDA também não gostavam do povo que tinham; a ministra não gosta dos professores que tem.
Nada melhor do que então recorrer a Brecht:
“A Classe docente perdeu a confiança da ministra
E só à custa de esforços redobrados
Poderá recuperá-la. Mas não seria
Mais simples para a ministra
Dissolver a classe docente
E eleger outra?"
A campanha de desvalorização da imagem dos professores tem levado os pais a sentirem-se legitimados a ir à escola protestar contra todas as ofensas de que os seus filhos foram alvo (segundo o fantasioso relato de que as inocentes crianças fizeram em casa). É uma forma de pressão que apenas degrada o ambiente. Mas o simples facto de se ter anunciado, em termos relativamente nebulosos, que os pais iriam avaliar os professores conduz os alunos a dizerem desde já: “Professor, para o ano o meu pai é que lhe vai dizer.” Donde, o sentimento de impunidade tende a crescer. Ora é preciso restituir -já!- a autoridade às escolas e deixarmo-nos de demagogias da treta.
Não há transmissão de saber nem pedagogia que possa vingar nestas circunstâncias.
A simples ideia de avaliar professores em função das notas dos alunos é absurda (as notas dependem das escolas, da preparação dos alunos, do meio ambiente e não se pode comparar o incomparável) e perversa.
Os resultados só podem ser um abaixamento da exigência nas escolas.
Público, 7/6/2006.
E a degradação da escola pública, acrescentaria eu, que com amigos destes não precisa de inimigos.
A ministra parece-me animada por uma fé profunda, acredita na pureza imaculada do edifício teórico emanado das modernas ciências da educação, faz-me lembrar o mesmo zelo de outros tempos: os estalinistas da defunta RDA também não gostavam do povo que tinham; a ministra não gosta dos professores que tem.
Nada melhor do que então recorrer a Brecht:
“A Classe docente perdeu a confiança da ministra
E só à custa de esforços redobrados
Poderá recuperá-la. Mas não seria
Mais simples para a ministra
Dissolver a classe docente
E eleger outra?"