terça-feira, julho 25, 2006

Líbano, as condições da paz

Georges Corm, ministro das finanças do Líbano entre 1998 e 2000, lembra a invasão israelita de 1982 e o então propósito do Estado hebraico de erradicar o “terrrorismo palestiniano”. Consequências de tão desastrosa intervenção foram os massacres de Sabra e Shatila, bem como o nascimento do Hezbollah, que poderíamos, sem exagero, considerar filho da política de Israel no Líbano.
Recorda também o modelo democrático consensual, adoptado no Líbano para dar voz política às múltiplas comunidades que dele fazem parte e preservar o país da guerra civil. Num tal contexto, os processos de decisão são morosos e não obedecem à regra da maioria simples. É preciso ter em conta esta realidade quando se fala de desarmamento do Hezbollah, cujo processo de negociação estava ainda a dar os primeiros passos e foi abruptamente interrompido pela intervenção militar de Israel.
No Líbano, é redutor falar em Estado na acepção weberiana, ou seja com o monopólio dos meios de violência no interior de um dado território. Exército dotado dessa capacidade não existe e, muito provavelmente, a sua existência seria perigosa para a paz no multiétnico país do cedro, pois depressa se transformaria em instrumento de opressão ao serviço de uma comunidade contra todas as outras. A sua fraqueza é a condição da existência de uma paz duradoura.

"Les décideurs internationaux ont la mémoire courte. Face à l'immensité de l'agression israélienne sur le Liban, ils pensent pouvoir l'exploiter pour mettre en oeuvre par la force la fameuse résolution 1559 qui a rendu le Liban à son statut d'Etat-tampon où se règlent en toute impunité les tensions et conflits régionaux.
En proposant la constitution d'une force multinationale à déployer au sud du Liban, la "communauté internationale" risque fort de rééditer les mêmes erreurs que celles qui ont présidé à la constitution de la Force multinationale d'interposition (FM), créée à l'initiative de François Mitterrand lors de l'invasion israélienne de l'été 1982. Cette force avait pour mission d'assurer l'évacuation des combattants palestiniens hors du Liban, qualifiés alors de "terroristes", et de protéger la population civile libanaise et palestinienne martyrisée par l'invasion brutale de la moitié du Liban, et le siège militaire de la partie de Beyrouth abritant le quartier général de l'OLP et les bureaux de Yasser Arafat.
Comme aujourd'hui, où la totalité du Liban est prise en otage par l'armée israélienne, la moitié du pays le fut alors, au cours de l'été 1982, par cette même armée ; elle fut aussi, comme en cet été 2006, bombardée nuit et jour durant deux mois et demi par terre, par mer et par air, sans distinction entre objectifs militaires et civils ; l'eau et l'approvisionnement furent coupés aux habitants de Beyrouth encerclée. Yasser Arafat était l'objet de poursuites aériennes, tout comme l'est aujourd'hui le chef du Hezbollah.