quarta-feira, setembro 06, 2006

Bons comunistas

RSO:

Carlos de Sousa pediu a demissão de membro da Concelhia e da Direcção da Organização Regional de Setúbal (DORS) do PCP, duas semanas depois da renúncia ao mandato de presidente da Câmara de Setúbal.(...)
«Conforme já tinha dito, quero ser apenas um militante de base do PCP», limitou-se a dizer.

Não me podia estar mais marimbando para facadas nas costas ou outras quezílias internas entre membros do PCP. O problema é que das reuniões dos órgãos deste não-democrático partido saíu a centralmente (não) democrática decisão de mudar o executivo camarário. Deste processo, Carlos Sousa saíu como se da barrela (sabem o que é?) viesse. Limpo e imaculadamente santificado.
Não poderia haver erro maior de avaliação que tal lavagem de imagem.
Ele sempre foi um bom comunista, obediente em todos os momentos. Agora recordam-se-lhe posições de discordância com o centrais dirigentes vermelhos. Mas essas nunca terão sido de índole tão gravosa que o levassem a abandonar a obediência aos ditâmes da estrutura partidária, como de facto fizeram muitos outros. Não esquecer, por exemplo, que ele foi especialmente escolhido pelo inesquecível delfim Carvalhas para se transferir de Palmela para Setúbal, tal era a confiança nele depositada.
O militante de base Carlos Sousa continuará a ser um bom comunista, a fé inabalável nos amanhãs aos berros, intacta. Afinal, são quase trinta anos de leais serviços nos cargos que ocupou e para onde foi eleito em nome do PCP.
Ao contrário da minha amiga Sandra, não acredito, muito menos desejo, que se apresente como independente em futuras eleições. A não ser que, de repente, deixasse de ser um bom comunista.