quinta-feira, setembro 21, 2006

Uma questão de peso

De surpresa em surpresa, deparei, no PÚBLICO de ontem, com uma notícia sobre como em Espanha se preparam para inaugurar uma nova era no combate a essa doença antiga, mas que hoje assume, nas nossas hodiernas sociedades, uma repercussão inaudita. Falo, claro está, da anorexia, que assola tantas jovens nossos dias. Se as fronteiras entre o culto da magreza e a anorexia são ténues, já me parece excessiva a sua transposição como foi feita em Espanha, a ponto de se excluir de uma passarelle um modelo só porque tem peso a menos. Desce-se mesmo à criação de índices, divide-se o peso da rapariga pela altura e tem-se o limiar a partir do qual ela pode, ou não, desfilar. Assim, se tem 1,75 de altura, só desfila se pesar no mínimo 56 Kg, índice 32; abaixo desse índice, a pobre não rapariga não desfila.
Tudo isto me parece, além discriminatório, profundamente indigno. Medir e pesar as pessoas desta forma é aviltante, mais uma pressão no sentido da uniformização da vida social, infelizmente tão em voga, a juntar às que o mundo da moda “espontaneamente” gera.
Estamos perante mais uma manifestação de fundamentalismo (de pendor politicamente correcto), que em nome da saúde ou do equilíbrio dos corpos nada mais faz a não ser excluir. Porque o padrão de beleza não se muda por decreto.