Poupança em queda
Durante anos Portugal foi um país de gente poupada. Com receio do futuro, os portugueses deixavam de lado todos os meses uma parte significativa do ordenado. Há uma década, a taxa de poupança, ou seja, a parcela do rendimento poupada, estava nos 14 por cento.
No entanto, no ano passado, este valor já tinha caído para os 9,2 por cento. Em 2006 deverá situar-se nos 8,2 por cento. Quer isto dizer que por cada 100 euros ganhos, os portugueses só deixam de lado oito euros e 20 cêntimos.
Esta tendência demonstra que damos mais valor à utilização desses rendimentos na actualidade, no consumo que fazemos, que ao seu diferimento como forma de assegurar consumos futuros, em tempos de menores ou nenhuns rendimentos. Isto é preocupante por significar uma diminuição da consciência que é responsabilidade de cada um tudo fazer para assegurar o bem estar próprio e daqueles que de nós dependem. O resultado é uma transferência para a comunidade das preocupações com o futuro, ampliando a dependência face a esta.
Em Portugal, nada disto é alheio ao alargamento do conceito de “estado social” que ocorreu nas últimas décadas.