Regresso Sandinista
Os resultados finais das eleições presidenciais na Nicarágua confirmaram o regresso de Daniel Ortega ao poder.
A ressurreição do homem que foi o rosto da revolução sandinista, na Nicarágua dos anos oitenta, está a deixar o grande vizinho do Norte à beira de um ataque de nervos. Não se coibiram figuras, directa ou indirectamente ligadas à administração Bush, de interferir na campanha eleitoral, ameaçando os nicaraguenses das consequências do voto em Ortega; deixaram pairar a ameaça do estrangulamento económico, querendo, como há vinte anos atrás, vergar os cidadãos da Nicarágua pelo medo. À época, é bom lembrar, não hesitaram em fazer uso do terrorismo e de actos de sabotagem económica, processo que culminou no escândalo Irangate como então ficou conhecido.
Creio que muitos eleitores, num país socialmente polarizado e cada vez mais empobrecido, em grande parte herança de ortodoxias neoliberais impostas à maneira de um despotismo iluminado pelos candidatos de Washington, se viraram para o que ainda resta do sonho revolucionário: a dignificação da condições de vida dos que nada ou pouco têm, a memória de políticas sociais então esboçadas mas a que o estado de guerra cortou raiz. A esperança de que venham agora a ser realizadas, num horizonte de paz e no quadro da democracia mulipartidária.
Resta saber se Daniel Ortega estará à altura do desafio