As Raízes da Violência que Ameaça o Sonho Palestiniano
Temos assistido, nos últimos dias, a episódios de violência que fazem temer o pior nos territórios de Gaza e da Cisjordânia; o espectro da guerra civil.
A deterioração da situação política na Palestina tem muita causas, endógenas e exógenas. Mas não podemos esquecer a erosão deliberada das instituições palestinianas, o esforço de destruição desse embrião de Estado (a Autoridade Palestiniana) por parte do falcão Ariel Sharon . Porque o vazio de poder é o paraíso das facções armadas, do banditismo e do sectarismo. Receio bem que Israel venha a colher os ventos entretanto semeados.
No interessante filme Palestiniano O Paraíso, Agora!, de Hany Abu-Assad, há uma personagem que diz que preferir “ a mentira do paraíso” a viver no inferno. O inferno em que a vida dos palestinianos se transformou, nos territórios de Gaza e da Cisjordânia, e que é o terreno fértil onde nascem os mártires ou os suicidas que se fazem explodir em autocarros e artérias comerciais de Israel. O filme de Hany Abu-Assad questiona essa cultura da morte que de dia para dia cresce nos territórios palestinianos, mostra-nos as clivagens que atravessam essa mesma sociedade. Um olhar que não dispensa a ironia e o riso.
Com a vitória eleitoral (inesperada pelos seus números) do movimento islamista Hamas, a frágil situação económica deteriorou-se ainda mais por força das sanções impostas pela União Europeia, num gesto político precipitado. Precipitado porque, ao invés de enfraquecer os extremistas, reduziu a margem de manobra política dos “realistas” no seio do governo do Hamas. Sem dinheiro para pagar aos funcionários públicos e às forças de segurança, a violência e o caos aumentaram nas ruas, disso apenas retirando proveito os extremistas que recusam o compromisso com Israel. É bom lembrar que os palestinianos elegeram os políticos do Hamas mais para punir o mau governo da Fatah do que por se terem transformado de repente em irredutíveis fundamentalistas religiosos. A maioria dos eleitores aspira à paz e aceita a ideia de dois estados na palestina bíblica. Os políticos ocidentais podiam ter escolhido uma outra abordagem diplomática, procurado enredar os ministros do movimento islamista em compromissos e isolando-os dos sectores radicais. Mas ao agirem como agiram, contribuíram também para instabilidade social e política. E vêm agora, esses mesmos políticos, aplaudir o gesto do presidente da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas de convocar eleições gerais e antecipadas, o que no actual contexto só pode significar mais uma acha para a fogueira. Para a fogueira que ameaça imolar o justo sonho da autodeterminação Palestiniana.
A deterioração da situação política na Palestina tem muita causas, endógenas e exógenas. Mas não podemos esquecer a erosão deliberada das instituições palestinianas, o esforço de destruição desse embrião de Estado (a Autoridade Palestiniana) por parte do falcão Ariel Sharon . Porque o vazio de poder é o paraíso das facções armadas, do banditismo e do sectarismo. Receio bem que Israel venha a colher os ventos entretanto semeados.
No interessante filme Palestiniano O Paraíso, Agora!, de Hany Abu-Assad, há uma personagem que diz que preferir “ a mentira do paraíso” a viver no inferno. O inferno em que a vida dos palestinianos se transformou, nos territórios de Gaza e da Cisjordânia, e que é o terreno fértil onde nascem os mártires ou os suicidas que se fazem explodir em autocarros e artérias comerciais de Israel. O filme de Hany Abu-Assad questiona essa cultura da morte que de dia para dia cresce nos territórios palestinianos, mostra-nos as clivagens que atravessam essa mesma sociedade. Um olhar que não dispensa a ironia e o riso.
Com a vitória eleitoral (inesperada pelos seus números) do movimento islamista Hamas, a frágil situação económica deteriorou-se ainda mais por força das sanções impostas pela União Europeia, num gesto político precipitado. Precipitado porque, ao invés de enfraquecer os extremistas, reduziu a margem de manobra política dos “realistas” no seio do governo do Hamas. Sem dinheiro para pagar aos funcionários públicos e às forças de segurança, a violência e o caos aumentaram nas ruas, disso apenas retirando proveito os extremistas que recusam o compromisso com Israel. É bom lembrar que os palestinianos elegeram os políticos do Hamas mais para punir o mau governo da Fatah do que por se terem transformado de repente em irredutíveis fundamentalistas religiosos. A maioria dos eleitores aspira à paz e aceita a ideia de dois estados na palestina bíblica. Os políticos ocidentais podiam ter escolhido uma outra abordagem diplomática, procurado enredar os ministros do movimento islamista em compromissos e isolando-os dos sectores radicais. Mas ao agirem como agiram, contribuíram também para instabilidade social e política. E vêm agora, esses mesmos políticos, aplaudir o gesto do presidente da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas de convocar eleições gerais e antecipadas, o que no actual contexto só pode significar mais uma acha para a fogueira. Para a fogueira que ameaça imolar o justo sonho da autodeterminação Palestiniana.