Chávez e o Populismo
Chávez obteve novo voto de confiança dos seus concidadãos, numas eleições presidenciais marcadas por uma elevada taxa de participação.
Sempre que se fala de Chávez, fala-se inevitavelmente de populismo.
Quando lhe apontam esse pecado, os críticos, em particular os do espectro da direita, enveredam por um registo a-histórico, como se o líder bolivariano tivesse sido o inventor do populismo.
Sabemos bem que o populismo tem raízes profundas na região, na prática política dos actores, independentemente de estes se situarem à esquerda ou à direita. Mas, em Chávez, o populismo funciona como o elemento atípico, sem genealogia. O que importa é impedir qualquer análise da sua governação, e aqui a função do populismo é muito semelhante à de uma cortina de fumo.
Assim, se os venezuelanos votam em massa em Chávez, é por causa do populismo. Se o caudilho implementou um vasto leque de programas sociais de apoio aos mais pobres, com os lucros do petróleo e a prestimosa colaboração de Cuba e dos seus médicos em particular, só pode ser mais uma demonstração do velho pecado do populismo (quando as elites políticas que precederam Chávez se limitavam quase só a dividir, entre si e a oligarquia, os dividendos do petróleo, isso sim, era certamente um exercício de responsável governação).
Alguns vêm mesmo um temível ditador, e num exercício em que a provocação roça a ignorância comparam Chávez a Hitler e ao nazismo. Aqui, mais uma vez de pouco importam os factos: Chávez está no poder desde 98, e não consta que tenha silenciado as oposições, a imprensa escrita ou as televisões privadas que o têm como ódio de estimação. Foi aliás a mui democrática oposição que há uns anos fomentou um golpe de estado, é bom lembrar.
Com isto, não estou a dizer que não tem fundamento a acusação de populista (sem dúvida que o é), questiono é uso que dela se faz para obscurecer o fenómeno Chávez e assim o relegar para a categoria não inteligível dos sinistros ditadores.
Sem querer portanto ilibar Chávez, eu diria que, quando muito, podemos detectar na sua prática política os indícios de uma democracia iliberal, na feliz expressão de Fareed Zakaria.
Sempre que se fala de Chávez, fala-se inevitavelmente de populismo.
Quando lhe apontam esse pecado, os críticos, em particular os do espectro da direita, enveredam por um registo a-histórico, como se o líder bolivariano tivesse sido o inventor do populismo.
Sabemos bem que o populismo tem raízes profundas na região, na prática política dos actores, independentemente de estes se situarem à esquerda ou à direita. Mas, em Chávez, o populismo funciona como o elemento atípico, sem genealogia. O que importa é impedir qualquer análise da sua governação, e aqui a função do populismo é muito semelhante à de uma cortina de fumo.
Assim, se os venezuelanos votam em massa em Chávez, é por causa do populismo. Se o caudilho implementou um vasto leque de programas sociais de apoio aos mais pobres, com os lucros do petróleo e a prestimosa colaboração de Cuba e dos seus médicos em particular, só pode ser mais uma demonstração do velho pecado do populismo (quando as elites políticas que precederam Chávez se limitavam quase só a dividir, entre si e a oligarquia, os dividendos do petróleo, isso sim, era certamente um exercício de responsável governação).
Alguns vêm mesmo um temível ditador, e num exercício em que a provocação roça a ignorância comparam Chávez a Hitler e ao nazismo. Aqui, mais uma vez de pouco importam os factos: Chávez está no poder desde 98, e não consta que tenha silenciado as oposições, a imprensa escrita ou as televisões privadas que o têm como ódio de estimação. Foi aliás a mui democrática oposição que há uns anos fomentou um golpe de estado, é bom lembrar.
Com isto, não estou a dizer que não tem fundamento a acusação de populista (sem dúvida que o é), questiono é uso que dela se faz para obscurecer o fenómeno Chávez e assim o relegar para a categoria não inteligível dos sinistros ditadores.
Sem querer portanto ilibar Chávez, eu diria que, quando muito, podemos detectar na sua prática política os indícios de uma democracia iliberal, na feliz expressão de Fareed Zakaria.