Projecto Multilingue
O projecto de lei para o ensino multilingue, da autoria do Bloco de Esquerda, tem sido alvo de várias críticas.
Eu, pela minha parte, confesso que o único aspecto positivo que consigo entrever é o do ensino da língua portuguesa “aos alunos que não a tenham como língua materna”. Mas este ponto é quase um apêndice, no projecto do bloco, pois não é inocente que seja relegado para o fim, discretamente. O essencial reside na apologia da diferença étnica, pois aqui o indivíduo não tem qualquer significância.
Desde logo o seu preâmbulo, um hino à ideologia multiculturalista e ao politicamente correcto.
Parece que alguns substituíram os dogma do materialismo histórico pelos do multiculturalismo. Nesta nova ideologia, as minorias étnicas ocupam o lugar que outrora pertenceu ao proletariado; da condição de oprimidos à de motores da História. Nela há o subtexto do imigrante sempre o oprimido (vejam-se as alusões ao caso francês), nunca são louvados os exemplos de sucesso, que os há, é preciso não esquecer. Incorre-se na segmentação cultural e étnica, privilegia-se o particularismo ou o pluralismo cultural em detrimento de uma cidadania universal assente nos direitos e deveres do indivíduo. Esta ideologia, de que o BE se tornou porta-voz, diz-nos que a sociedade de acolhimento tudo deve e tem de dar e nada pode exigir. É assim que o ensino da sua língua logo é entendido como fonte de opressão e discriminação sobre o imigrante (“Na verdade, muitas são as crianças que têm que falar português na escola enquanto que em sua casa ou no seu bairro falam a sua língua materna”). Devo dizer que não estou contra a existência do ensino das línguas maternas dos imigrantes ou de currículos e actividades escolares que emanem das suas culturas, o que crítico é a ênfase na especificidade étnica de que padece este projecto. Ora, não acredito que a via para uma sociedade mais inclusiva seja a da especificidade étnica, mas sim a que assente naquilo que mais nos aproxima, independente das pertença étnicas de origem, ou da religião ou da cultura em que crescemos. O reforço das políticas de ensino da língua portuguesa é indispensável a uma trajectória de sucesso de todos aqueles que escolheram viver no nosso país. Tal como o ensino de línguas que hoje assumem uma vocação universal, como o inglês ou o espanhol. Quantos jovens africanos não constroem a sua identidade a partir de elementos da cultura americana (o que aliás não é assim tão diferente de nós)? Mas tudo isto pouco ou nada é enfatizado neste projecto do BE, que fala demasiado em diferença étnica e pouco em igualdade de oportunidade. Esquece a importância dos aspectos de classe na pobreza e exclusão que assolam muitos indivíduos das camadas imigrantes. Bem, mas isto já é calão marxista.
Eu, pela minha parte, confesso que o único aspecto positivo que consigo entrever é o do ensino da língua portuguesa “aos alunos que não a tenham como língua materna”. Mas este ponto é quase um apêndice, no projecto do bloco, pois não é inocente que seja relegado para o fim, discretamente. O essencial reside na apologia da diferença étnica, pois aqui o indivíduo não tem qualquer significância.
Desde logo o seu preâmbulo, um hino à ideologia multiculturalista e ao politicamente correcto.
Parece que alguns substituíram os dogma do materialismo histórico pelos do multiculturalismo. Nesta nova ideologia, as minorias étnicas ocupam o lugar que outrora pertenceu ao proletariado; da condição de oprimidos à de motores da História. Nela há o subtexto do imigrante sempre o oprimido (vejam-se as alusões ao caso francês), nunca são louvados os exemplos de sucesso, que os há, é preciso não esquecer. Incorre-se na segmentação cultural e étnica, privilegia-se o particularismo ou o pluralismo cultural em detrimento de uma cidadania universal assente nos direitos e deveres do indivíduo. Esta ideologia, de que o BE se tornou porta-voz, diz-nos que a sociedade de acolhimento tudo deve e tem de dar e nada pode exigir. É assim que o ensino da sua língua logo é entendido como fonte de opressão e discriminação sobre o imigrante (“Na verdade, muitas são as crianças que têm que falar português na escola enquanto que em sua casa ou no seu bairro falam a sua língua materna”). Devo dizer que não estou contra a existência do ensino das línguas maternas dos imigrantes ou de currículos e actividades escolares que emanem das suas culturas, o que crítico é a ênfase na especificidade étnica de que padece este projecto. Ora, não acredito que a via para uma sociedade mais inclusiva seja a da especificidade étnica, mas sim a que assente naquilo que mais nos aproxima, independente das pertença étnicas de origem, ou da religião ou da cultura em que crescemos. O reforço das políticas de ensino da língua portuguesa é indispensável a uma trajectória de sucesso de todos aqueles que escolheram viver no nosso país. Tal como o ensino de línguas que hoje assumem uma vocação universal, como o inglês ou o espanhol. Quantos jovens africanos não constroem a sua identidade a partir de elementos da cultura americana (o que aliás não é assim tão diferente de nós)? Mas tudo isto pouco ou nada é enfatizado neste projecto do BE, que fala demasiado em diferença étnica e pouco em igualdade de oportunidade. Esquece a importância dos aspectos de classe na pobreza e exclusão que assolam muitos indivíduos das camadas imigrantes. Bem, mas isto já é calão marxista.