Ainda as eleições em França
Nesta Incursão pela sociologia das presidenciais francesas há muito de permanência, mas também de mudança.
Assim, Sarkozy teve a preferência dos artesãos, classe profissional que por norma vota à direita e vota profunda desconfiança ao Estado. Também os trabalhadores do sector privado escolheram maioritariamente o candidato da UMP. Já os do público preferiram Ségoléne Royal, que contou ainda com o voto da maioria dos operários; os patrões, para utilizar uma linguagem anacrónica ou a fugir à novilíngua contemporânea, estiveram do lado de Sarko. Isto quanto àquilo que permanece, ou dito de outro modo, às clivagens esquerda/direita.
Sobre a mudança, de notar o recuo da esquerda no voto popular, onde Sarkozy e a direita progridem. Entre os menos instruídos Sarkozy leva vantagem, conseguindo até votações importantes entre os operários (41%). Sinal disso mesmo é o resultado obtido Saint-Denis, antigo bastião do partido comunista francês; o candidato da UMP obtém aqui um resultado acima dos 40%, e na primeira volta das presidenciais foi mesmo o mais votado. Penso que o avanço da direita nos meios populares se deve em grande parte à questão da segurança, que à esquerda tem sido negligenciada.
A esquerda precisa de ter um enfoque sério sobre a segurança e a violência urbana, caso contrário continuará a assistir à erosão do seu eleitorado popular habitante das periferias. A importância da segurança também se reflecte no voto dos pensionistas, maioritário à direita.
Talvez assista alguma razão à colunista do PÚBLICO, Helena Matos, quando diz que Sarkozy começou a ganhar estas eleições há quase dois anos, quando apelidou os jovens de escumalha e com isso incendiou a periferia urbana. Então, muitos prognosticaram a sua morte politica, em particular nos medias, mas sucedeu o contrário. A esquerda fez apenas a denúncia da repressão, confiando à direita o monopólio do discurso sobre as vítimas dos jovens em revolta.
Assim, Sarkozy teve a preferência dos artesãos, classe profissional que por norma vota à direita e vota profunda desconfiança ao Estado. Também os trabalhadores do sector privado escolheram maioritariamente o candidato da UMP. Já os do público preferiram Ségoléne Royal, que contou ainda com o voto da maioria dos operários; os patrões, para utilizar uma linguagem anacrónica ou a fugir à novilíngua contemporânea, estiveram do lado de Sarko. Isto quanto àquilo que permanece, ou dito de outro modo, às clivagens esquerda/direita.
Sobre a mudança, de notar o recuo da esquerda no voto popular, onde Sarkozy e a direita progridem. Entre os menos instruídos Sarkozy leva vantagem, conseguindo até votações importantes entre os operários (41%). Sinal disso mesmo é o resultado obtido Saint-Denis, antigo bastião do partido comunista francês; o candidato da UMP obtém aqui um resultado acima dos 40%, e na primeira volta das presidenciais foi mesmo o mais votado. Penso que o avanço da direita nos meios populares se deve em grande parte à questão da segurança, que à esquerda tem sido negligenciada.
A esquerda precisa de ter um enfoque sério sobre a segurança e a violência urbana, caso contrário continuará a assistir à erosão do seu eleitorado popular habitante das periferias. A importância da segurança também se reflecte no voto dos pensionistas, maioritário à direita.
Talvez assista alguma razão à colunista do PÚBLICO, Helena Matos, quando diz que Sarkozy começou a ganhar estas eleições há quase dois anos, quando apelidou os jovens de escumalha e com isso incendiou a periferia urbana. Então, muitos prognosticaram a sua morte politica, em particular nos medias, mas sucedeu o contrário. A esquerda fez apenas a denúncia da repressão, confiando à direita o monopólio do discurso sobre as vítimas dos jovens em revolta.