sexta-feira, setembro 14, 2007

Querida Wendy


Após as férias, cinema sob o signo do dogma.
Sim, fui ver último filme de Thomas Vinterberg, Querida Wendy, que tem a colaboração de Lars Von Trier, autor do argumento.
Temos universo de uma pequena localidade mineira americana, Estherslope, onde um grupo de jovens decide ter existência à parte, forjando um clube dandy
Dick, o protagonista, era um rapaz demasiado frágil para poder trabalhar nas minas. Vivia em desajustamento, mas conservava bem presente a leitura de o Retrato de Dorian Grey, (Oscar Wilde). Cultivava também ideias pacifistas.
É Wendy quem vai despoletar a mudança na existência de Dick. Wendy, ao contrário do que poderíamos supor, não é uma rapariga, mas sim uma arma de fogo; à primeira vista, uma pistola de brincar.
Enamorado de Wendy, Dick depressa junta à sua volta alguns jovens e cria, numa mina abandonada, o clube dos dandies, onde o amor pelas armas se irá fundir com a filosofia pacifista. Como era de prever, o amor pelas armas irá prevalecer e toda esta história acaba por ter um fim trágico, com tiros e mortes exibidas à maneira de um western pop (a música dos The Zombie, banda britânica dos anos sessenta, é neste filme presença incontornável). Lá está a obsessão de Trier pela América profunda, na sua relação umbilical com as armas (tal como em Manderlay, segunda parte da triologia americana de Trier, que não chegou às nossas salas de cinema). Só que isso não basta para fazer de Querida Wendy um objecto à parte no universo do cinema dogma. Longe da excelência de A Festa.