quinta-feira, maio 08, 2008

A Nomenklatura Angolana, Bob Geldof e o Público

Bob Geldof parece ter feito as delícias do PÚBLICO , que aproveitou a deixa do músico irlandês, sobre “os criminosos” que gerem os destinos de Angola, para desancar no governo, ou falando a linguagem do nosso diário, na cleptocracia do MPLA.
Das duas páginas do Mundo ao editorial de hoje, passando pelo comentário de Miguel Gaspar, perpassam as misérias da elite política angolana e as cumplicidades dos empresários lusos, e pelo meio, os inevitáveis elogios a Bob Geldof, artista medíocre transmudado em especialista do desenvolvimento sustentável.
Enfim, Angola tem por certo muitos pecadilhos, mas às vezes é como se carregasse aos ombros todas as faltas deste mundo. Deste mundo que vê crescerem as desigualdades sociais a par com a economia de casino florescente, mas que parece não ter pecadores, a não ser a tal nomenklatura angolana.
O flagelo da desigualdade provocará muitos mais editoriais inflamados no PÚBLICO. Mas não por causa de Moçambique. Ou do Brasil. São os ex-comunistas do MPLA!
Interrogo-me se os do MPLA são assim tão diferentes. Eles limitaram-se a dar cumprimento à regra de que governante comunista uma vez liberto do espartilho ideológico dá em empresário de sucesso ou empreendedor (bem, deixo estas categorias para o meu colega aqui do Office, o LA;) É claro que não há regra sem excepção, e longe de mim querer ser injusto para com os militantes do MPLA e comunistas de outras latitudes, que no governo deram o melhor de si em prol do seus países. Mas da Rússia à moderna China Popular, os exemplos sucedem-se, em benefício da regra…
É este o mundo em que vivemos, e que muitos no Ocidente quiseram que assim fosse. Hoje, os empresários provêm de latitudes inesperadas, jogam o nosso jogo e compram acções nas nossas empresas. E isso é causa de perturbação, ainda para mais se o investidor tem ascendência de colonizado.

PS. Para quando um estudo que nos diga se o rendimento dos angolanos mais pobres cresceu ou não. Isso sim, seria avaliar a prestação do governo angolano. Mas não, no PÚBLICO apenas temos direito às verdades de uma qualquer ONG, cujas conclusões nunca são alvo de escrutínio. Enfim…