Três Tempos
Três tempos, diferem os contextos, mas o amor em comum.
O cineasta Hou Hsiao Hsien divide a narrativa em três partes, do tempo de amar, no coração da década de sessenta, ao tempo de liberdade, no dealbar do século, em 1911, até aos dos nossos dias, o tempo de juventude.
Diferem os contextos, sociais, culturais ou históricos, o que quiserem, mas a solidão causada pelos males de amor é universal. O cenário pode ser a sala de bilhar de tempo de amar, onde um homem se apaixona por uma mulher e depois tem de partir. Ou o requinte de um salão do início do século, onde assistimos à cumplicidade entre um homem generoso (intelectual ou político) e uma cortesã, sob o pano de fundo da cultura das concubinas e duma China obrigada a mudar, e cada vez mais sujeita a um Japão hegemónico. Aqui, em tempo de liberdade, Hou Hsien glosa o filme mudo (deliciosamente). E ainda o nosso tempo acelerado, o tempo de juventude, em que a intimidade se expressa cada vez mais via mensagens de telemóvel e e-mail, onde vemos duas mulheres jovens, que são namoradas, mas entre elas vai interpor-se um homem. Mas não chega a ser triângulo amoroso, é tão-só fragmento. Inacabado.
Um filme feito de permanências. Tocante.