O Congresso do PC
Apesar de acometido por uma forte gripe, não deixei de espreitar as incidências do XVIII Congresso do Partido Comunista Português. No aconchego do lar, via televisão, lá fui escutando os discursos do Secretário-geral Jerónimo de Sousa, vendo as entrevistas aos delegados e os comentários dos analistas. E, para terminar, a entrevista de Odete Santos na RPTN.
Foi um congresso a pensar nos desafios eleitorais que aí vêm, porque internamente o tempo é de bonança, sem desafios de monta à linha protagonizada por Jerónimo de Sousa. Com ele, o partido recuperou votos e câmaras, e prevê-se que cresça ainda mais nos actos eleitorais que se avizinham.
Temos, pois, aquele que, para muitos, é o partido comunista que no hemisfério Ocidental melhor soube resistir à derrocada do socialismo real. A própria Odete fez eco disso, ao comentar prazenteiramente o estado comatoso em que se encontram, por exemplo, os congéneres italiano, espanhol e francês, que ao encetaram processos de renovação se viram reduzidos à quase irrelevância política. Confesso que fiquei chocado com tal postura, muito em particular com a alusão ao partido comunista francês, que irresponsavelmente se teria atolado nos terrenos movediços da governação. Ora, não deixo de lembrar que o partido comunista francês esteve no governo da esquerda plural, liderado pelo socialista Lionel Jospin, que entre outras coisas criou a medida das 35 horas semanais. Será isto pactuar com as políticas de direita? E já que se fala de renovação, será que aqueles partidos estariam mais fortes, se tivessem permanecido à imagem e semelhança do nosso pc, espécie de guardião do templo? Teria o partido comunista português perdido, necessariamente, o seu eleitorado tradicional, caso enveredasse pelos caminhos da renovação política? Sendo o partido comunista português uma formação política com profundas raízes nacionais e com forte influência nas práticas sindicais, diga-se que indissociáveis da normal e sadia conflitualidade das sociedades democráticas, por que razão a cada congresso que passa se cristaliza numa lógica de resistência? O que dizer de um congresso que, a avaliar pelos discursos de Jerónimo de Sousa, parece ter como alvos o Bloco de Esquerda e o deputado Manuel Alegre? Mais até do que Sócrates. Com quem pretende então o pc estabelecer pontes? Ou a alternativa de esquerda é apenas mero simulacro?
Foi um congresso a pensar nos desafios eleitorais que aí vêm, porque internamente o tempo é de bonança, sem desafios de monta à linha protagonizada por Jerónimo de Sousa. Com ele, o partido recuperou votos e câmaras, e prevê-se que cresça ainda mais nos actos eleitorais que se avizinham.
Temos, pois, aquele que, para muitos, é o partido comunista que no hemisfério Ocidental melhor soube resistir à derrocada do socialismo real. A própria Odete fez eco disso, ao comentar prazenteiramente o estado comatoso em que se encontram, por exemplo, os congéneres italiano, espanhol e francês, que ao encetaram processos de renovação se viram reduzidos à quase irrelevância política. Confesso que fiquei chocado com tal postura, muito em particular com a alusão ao partido comunista francês, que irresponsavelmente se teria atolado nos terrenos movediços da governação. Ora, não deixo de lembrar que o partido comunista francês esteve no governo da esquerda plural, liderado pelo socialista Lionel Jospin, que entre outras coisas criou a medida das 35 horas semanais. Será isto pactuar com as políticas de direita? E já que se fala de renovação, será que aqueles partidos estariam mais fortes, se tivessem permanecido à imagem e semelhança do nosso pc, espécie de guardião do templo? Teria o partido comunista português perdido, necessariamente, o seu eleitorado tradicional, caso enveredasse pelos caminhos da renovação política? Sendo o partido comunista português uma formação política com profundas raízes nacionais e com forte influência nas práticas sindicais, diga-se que indissociáveis da normal e sadia conflitualidade das sociedades democráticas, por que razão a cada congresso que passa se cristaliza numa lógica de resistência? O que dizer de um congresso que, a avaliar pelos discursos de Jerónimo de Sousa, parece ter como alvos o Bloco de Esquerda e o deputado Manuel Alegre? Mais até do que Sócrates. Com quem pretende então o pc estabelecer pontes? Ou a alternativa de esquerda é apenas mero simulacro?